Economia

CNI: confiança do empresário cai ao menor nível em abril

Brasília - O empresariado está mais pessimista. Segundo o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de abril, a confiança está no menor nível em cinco anos, caiu 3,3 pontos comparado a março, para 49,2 pontos, abaixo ainda da média histórica. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e foram divulgados nesta terça-feira, 15. De acordo com a pesquisa, todos os segmentos industriais registraram recuou no indicador.

O Icei varia de zero a cem pontos. Índice acima de 50 pontos sinaliza que o empresariado está confiante. Se pontuar abaixo de 50, como o ocorrido nesta divulgação, o setor é classificado como pessimista. O levantamento mostra a expectativa dos empresários sobre o momento atual e para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para as atividades das empresas.

A pesquisa avalia ainda a confiança em relação as condições atuais e, de acordo com a CNI, houve um aprofundamento do pessimismo, recuou de 44,7 pontos em março para 41,2 em abril. Apesar desse movimento, as expectativas para os próximos seis meses seguem otimistas, em 53,3 pontos.

Este foi o 14º mês consecutivo de confiança abaixo da média histórica, de 58,1 pontos e, segundo a pesquisa, a queda de confiança atingiu todos os ramos da indústria. De 35 ramos, 25 estão classificados como pessimistas, com o Icei abaixo de 50 pontos, e dez, com índices acima desse valor, considerados confiantes.

O pior nível de confiança entre os 35 segmentos é o do segmento de veículos automotores, que está em 42,7 pontos. No mês passado, o ramo registrava 49,3. Atrás dele, figuram os segmentos de madeira e de borracha, ambos com 44,3 pontos. A CNI chamou a atenção para o segmento de construção civil que, na visão da entidade, passou a demonstrar baixa confiança, com 50,9 pontos, muito próximo do nível que o pode colocar como pessimista.

A entidade, na pesquisa, ainda classificou o quadro da indústria de transformação como de "clara falta de confiança", isso em função da queda de 51,8 pontos no mês passado para 48,2 neste. Dos 27 ramos da indústria de transformação, 23 estão abaixo dos 50 pontos e seis deles abaixo dos 45.

Na avaliação da CNI, a falta de confiança desestimula o investimento e sinaliza que a indústria permanecerá com dificuldades para reencontrar o caminho de uma recuperação sustentada. Para Flávio Castelo Branco, gerente executivo de Políticas Econômicas da CNI, o indicador vem em trajetória de queda refletindo dificuldades da economia e em especial do setor industrial.

"O crescimento é baixo, temos questões que preocupam, como a aceleração da inflação, que tem levado o BC a subir juros, o que obviamente contamina a confiança do empresário e as expectativas", avaliou. Castelo Branco ainda listou o problema hídrico e energético como uma pressão a mais a gerar dúvidas no setor. "Há a questão da energia e a eventual possibilidade de escassez de energia. Se não ocorrer um racionamento, há o ajuste no preço das tarifas e isso tem sido financiado por fundos fiscais. Tem uma construção difícil", avaliou.

As pequenas e médias empresas mostraram a maior falta de confiança. As de menor porte registraram recuou de 51,9 pontos em abril para 48,7 em março, as médias, 51,7 pontos para 48,6 pontos. As grandes empresas, mesmo em melhores níveis que as demais, também se situam abaixo dos 50 pontos e entre abril e maio apresentaram queda no indicador de confiança, de 53,3 pontos para 49,8.

Quando se observa as grandes regiões do País, três estão otimistas e duas pessimistas. Norte (com 54 pontos), Nordeste (52,5) e Centro-Oeste (53) estão do lado confiante da pesquisa e Sul (47,8) e Sudeste (45,3), do pessimista.

A pesquisa do Icei foi realizada entre 1º e 10 de abril com 2.346 empresas de todo o País, das quais 889 são de pequeno porte, 901 médias e 556 grandes.

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