Economia

Consumo de energia cresce e racionamento não é descartado no Espírito Santo

As elevadas temperaturas registradas combinadas com uma das maiores estiagens do Brasil deram um novo impulso a um grande pesadelo para a população - o racionamento de energia. A situação dos reservatórios está pior do que em 2001, ano em que o país se viu obrigado a uma redução compulsória de energia. Se comparado a 2001, o capixaba está consumindo mais, pois houve um aumento de 63% - de 6.029,73 para 9.824,15 gigawatts/hora em relação à medição de 13 anos atrás.

Para Luiz Fernando Schettino, diretor da Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado do Espírito Santo (ASPE), o avanço na economia contribuiu para este aumento. “O desenvolvimento, que é o crescimento econômico aliado a qualidade de vida, aumentou esse consumo. A economia em 2001 era baixa, hoje avançamos, nossa economia é melhor. Estamos nos preparando para receber um grande evento, que é a Copa do Mundo. As grandes obras mais a combinação do evento climático, tudo isso contribui para uma situação delicada”, afirma.

O nível dos reservatórios ainda é crítico e o consumo de energia e água está em alta. Apesar da construção de várias térmicas, o que serve como garantia extra na produção de energia, Schettino não descarta o racionamento de energia no Espírito Santo.

“Vivemos uma crise na área de energia, e isso não pode ser negado. Estamos em abril e ainda não conseguimos desligar o ar condicionado ou o ventilador para poder dormir. Apenas o operador do sistema pode decidir sobre um eventual racionamento, não recebemos nenhuma informação sobre racionamento para o Estado, mas essa medida não pode ser descartada. Estamos investindo para que não exista interrupções. Hoje estamos em uma faixa razoável de segurança, mas todos nós devemos torcer para que chova no nosso Estado”, disse. 

Caso o racionamento se concretize, o Produto Interno Bruto (PIB) será prejudicado. “Se isso acontecer, há uma grande chance da atividade econômica ficar próxima de zero em 2015", alerta o economista Hugo Reis.

Em 2013, a presidente Dilma Rousseff autorizou a redução de 18% na tarifa de energia elétrica para as residências e de até 32% para a indústria. Diversos especialistas avaliaram a atitude como medida eleitoreira e irresponsável. Fernando afirma que o objetivo do Governo na diminuição do custo de energia serve para aumentar a competitividade entre as empresas. Segundo ele, a intenção do Governo era melhorar a condição para os brasileiros, “uma vez que o país tinha uma das tarifas mais caras do mundo”. 

Entre as possíveis medidas em curto prazo para tentar diminuir o problema, o desligamento das turbinas de geração das empresas do sistema Eletrobras, durante a noite, seria uma solução. 

Schettino é a favor de campanhas de conscientização que visam diminuir o alto consumo. “Já temos no Espírito Santo programas nas escolas em que crianças, familiares e professores aprendem a economizar energia. O Governo deveria estimular os brasileiros a consumir menos energia elétrica, de maneira voluntária, com a possibilidade de oferecer descontos na conta de luz”, orientou.

Com a falta de chuva, as usinas térmicas do país, que foram construídas para operar em períodos críticos das hidrelétricas, já foram acionadas. “O acionamento das usinas provoca um encarecimento no custo da energia, uma vez que a geração térmica é mais cara que a hidrelétrica”, explica Fernando. 

Das 24 usinas térmicas que deveriam ser entregues, apenas duas foram concluídas. Dezesseis usinas foram negociadas com empresas. As seis restantes são motivo de disputada entre empresas e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Seis usinas que seriam implantadas no Espírito Santo foram transferidas para o Maranhão. Nenhuma foi construída. 

Risco de racionamento de energia sobe para 46%
O risco de o Brasil ter um racionamento neste ano quase dobrou. Com as chuvas abaixo do esperado para março, a probabilidade de o País ter de decretar um corte superior a 4% da demanda de energia subiu de 24% para 46%, segundo cálculos da consultoria PSR, do especialista Mario Veiga, apresentado em evento interno para clientes. Uma redução dessa dimensão significaria desligar 12 milhões de residências.

Sudeste e Sul deveriam racionar 5% da energia
No começo do ano, o sinal de alerta no setor de energia foi ativado. Todas as térmicas estão ligadas, os reservatórios das principais hidrelétricas baixaram ainda mais e o preço da energia estourou. De acordo com o modelo computacional que acompanha a operação do sistema, as regiões Sul e Sudeste deveriam cortar em 5% o consumo de energia.

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