Economia

FGV: setor de serviços reforça percepção de estagnação

Redação Folha Vitória

Rio - Apesar de os efeitos negativos da Copa do Mundo sobre a atividade de serviços terem ficado para trás, os empresários do setor não melhoraram suas expectativas. "Prevaleceu nas empresas o sentimento de que a demanda está muito morna", afirmou o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Segundo ele, o resultado reforça a percepção de uma economia estagnada.

Em agosto, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 3,1%, o oitavo recuo seguido, para o menor nível desde abril de 2009. Entre as avaliações, contudo, tanto o pessimismo quanto o otimismo deram lugar a uma visão mais neutra do ambiente econômico. "Isso reforça sinais de uma economia cada vez mais moderada, num ritmo de crescimento muito vagaroso nos próximos meses", afirmou Sales.

De acordo com o economista, um dos poucos setores que apresentaram alta na confiança em agosto foi o de serviços prestados às famílias (+6,6%), influenciado pela percepção sobre a situação atual. Para Sales, trata-se de uma devolução após a intensa deterioração na confiança durante a realização da Copa do Mundo no País. "Há maior normalidade no tempo de trabalho, então a percepção ficou mais favorável", justificou.

Nos demais segmentos, a esperada recuperação após o evento esportivo não se concretizou. Além disso, os sinais não são nada favoráveis em termos de mercado de trabalho. O indicador de emprego previsto, que havia subido 0,8% em julho, recuou 2,9% neste mês. Além disso, 14,7% das empresas declararam em agosto intenção de contratar, a menor fatia de toda a série histórica, iniciada em junho de 2008.

"Nem em 2009, quando era um cenário de declínio, estava tão ruim. E tem um agravante, porque em 2009 a trajetória ainda era de saída da crise", afirmou Sales. Para o economista, o dado preocupa ainda mais quando colocado na perspectiva do peso dos serviços para a atividade brasileira. "É importante para o setor e para a economia como um todo, porque ele é o maior empregador", explicou.

A boa notícia é de que boa parte das empresas (75,0%) pretende manter o número de empregados (um recorde na série histórica), enquanto 10,3% disseram que vão demitir nos próximos meses. "A tendência é de que dados como os do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) continuem mostrando baixa geração de vagas", afirmou.

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