Economia

Demanda frustra e derruba confiança do comércio, diz FGV

Redação Folha Vitória

Rio - Após um mês de esperança de melhora em julho, o sentimento dos empresários do comércio é de frustração diante da demanda persistentemente fraca, avaliou nesta sexta-feira, 26, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. No terceiro trimestre, a confiança do comércio caiu 8,7% em relação a igual período do ano passado.

"A expressão é frustração. Quando chegamos ao início do terceiro trimestre, as expectativas do setor deram uma melhorada, mas agora continuaram a ficar mornas. Além disso, a percepção sobre a demanda continua piorando, como se o único motivo para justificar um terceiro trimestre fosse o aumento de número de dias úteis. Pode até vir um pouco melhor, mas no dia a dia não se percebe que a demanda está melhorando, pelo contrário", explicou o economista.

Em setembro, 26,3% dos empresários apontaram a demanda insuficiente como um fator limitativo à expansão dos negócios - a fatia mais alta de toda a série, iniciada em março de 2010. De acordo com Campelo, há ainda uma "questão psicológica" em torno das eleições, além da percepção de que um engessamento na política econômica até o fim do ano impede qualquer tentativa de reativação da economia. "A piora é mais intensa quando se avalia o curto prazo", destacou.

Apesar de ainda não contar oficialmente com dados ajustados sazonalmente, a FGV divulga uma série com um ajuste experimental - que pode modificar os dados a cada mês. A partir deste cálculo, a instituição detectou queda de 2,6% na confiança do comércio em setembro, após recuo de 4,5% em agosto. Tanto a percepção sobre a situação atual quanto as expectativas estão em mínimos históricos.

No varejo restrito, as pioras mais intensas da confiança ocorrem no setor de hipermercados e supermercados e no de tecidos, vestuário e calçados. No primeiro caso, além do volume de demanda ruim, há percepção de deterioração dos negócios, com excesso de capacidade de operação. No segundo setor, por sua vez, a inflação, o comprometimento da renda e a desaceleração dos salários limitam a demanda, o que acaba rebatendo na confiança.

"A sondagem sinaliza que chegar a 3% (de alta nas vendas do varejo restrito) já está muito difícil. Nossa previsão está em 2,5%", disse Campelo. No ano passado, o volume de vendas cresceu 4,3%, o que já havia sido o pior resultado desde 2003, quando houve retração no varejo restrito.

Em veículos e material de construção, que compõem o varejo ampliado, a dinâmica não é diferente. "Se já piorou tanto até agora, poderíamos pensar em melhora. Mas não está melhorando. Houve frustração em setembro", reforçou Campelo.

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