Economia

Petrobras registra perdas de R$ 6,194 bilhões com Lava Jato

Petrobras informou três meses atrás que, além do ajuste por valor justo dos ativos, uma segunda metodologia poderia ser utilizada para dimensionar as perdas com práticas fraudulentas

Redação Folha Vitória
Empresa tem estimativa amarga com perdas em torno de R$ 6 bi por causa de fraudes Foto: ​Divulgação

São Paulo - A Petrobras estimou em R$ 6,194 bilhões as perdas oriundas de operações fraudulentas envolvendo ex-diretores da estatal e investigadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato e em R$ 44,345 bilhões as perdas associadas ao ajuste contábil sobre o valor recuperável dos ativos, prática conhecida como impairment. O montante é significativamente inferior aos R$ 88,6 bilhões divulgados em janeiro deste ano, quando a estatal apresentou uma forte retração no valor justo dos ativos contabilizados no ativo imobilizado.

Na oportunidade, a estatal informou que o valor calculado não poderia ser utilizado como base de potenciais perdas ocasionadas pela prática de corrupção, dado que o valor justo dos ativos estava sujeito a outras variáveis. Haveria, portanto, forte impacto agora capturado pela prática de teste de impairment.

A Petrobras havia informado três meses atrás que, além do ajuste por valor justo dos ativos, uma segunda metodologia poderia ser utilizada para dimensionar as perdas com práticas fraudulentas. O número seria calculado a partir de um número médio de 3% sobre o valor de contratos alvo de investigação, conforme sugerido por pessoas investigadas na Lava Jato. Foi justamente esse o modelo adotado pela estatal no balanço divulgado nesta quarta-feira, 22.

A companhia considerou o número de 3% para estimar os gastos adicionais impostos sobre o montante total dos contratos identificados. Além disso, a Petrobras colocou em prática um trabalho de identificação da contraparte do contrato, dos contratos assinados com as contrapartes mencionadas no cartel de empresas que adotaram práticas fraudulentas e do período em análise, de 2004 a abril de 2012. A companhia também considerou o valor total dos contratos alvo de análise.

Além das perdas associadas à investigação da Lava Jato, o balanço foi afetado também por uma baixa de R$ 44,345 bilhões, ou R$ 32,089 bilhões líquidos de impostos, associada ao impairment. Com isso, a perda total da estatal com os dois ajustes atingiu R$ 50,539 bilhões no fechamento do ano passado.

Perdas

Em janeiro passado, a Petrobras divulgou o balanço referente ao terceiro trimestre de 2014, mas sem incorporar perdas relacionadas à investigação em andamento na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Na oportunidade, a companhia divulgou que poderia adotar duas metodologias para determinar qual foi a perda provocada por práticas de corrupção lideradas por ex-diretores da companhia. A primeira aplicaria um efeito médio de 3% sobre o valor de contratos recentes, conforme sugerido por pessoas investigadas na Lava Jato.

A segunda seria o cálculo com base no valor justo dos ativos. Essa segunda alternativa provocou turbulência no mercado, ao indicar que o valor justo de ativos com precificação inferior ao calculado no imobilizado somava R$ 88,6 bilhões - o que poderia sugerir, por exemplo, que o efeito provocado por práticas ilegais teria ocasionado uma perda de quase R$ 90 bilhões à maior empresa brasileira.

A companhia salientou, contudo, que o fato de o valor justo dos ativos estar em um patamar inferior ao valor contábil poderia ter outras explicações, assim como mudanças macroeconômicas (câmbio e custo de capital, por exemplo) ou novas projeções de preços (o petróleo caiu fortemente no final do ano passado). Por isso, a Petrobras não incorporou tais cálculos aos resultados não auditados do terceiro trimestre divulgados naquele momento.

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