Economia

Fipe projeta inflação de 0,45% captada pelo IPC de junho em SP

Redação Folha Vitória

São Paulo - O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), André Chagas, projetou para junho uma inflação menor que a de 0,62% de maio na cidade de São Paulo. Em entrevista exclusiva concedida nesta terça-feira, 2, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na sede da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ele disse que espera que o indicador registre uma taxa de 0,45% no sexto mês do ano.

Segundo Chagas, o IPC será mais baixo em junho ante maio por causa de desacelerações que estão sendo esperadas para os grupos Habitação, Alimentação, Transportes e Saúde. Em contrapartida, o grupo Despesas Pessoais deverá, conforme o coordenador, mostrar aceleração, remando na direção contrária.

Nesta terça-feira, a Fipe divulgou que o IPC de maio representou uma desaceleração de 0,48 ponto porcentual ante o índice de abril, que havia registrado inflação de 1,10%. O resultado do quinto mês do ano veio muito próximo da previsão do instituto, que era de 0,60%, e exatamente idêntico à mediana do levantamento do AE Projeções, que levava em conta um intervalo de estimativas de economistas do mercado financeiro de 0,57% a 0,72%.

Em maio, o grande fator de desaceleração para o IPC veio do item energia elétrica, que subiu bem menos que em abril e, com isso, ajudou a inflação a ficar menor. No mês passado, o componente mostrou alta de 1,53% e representou 0,06 ponto porcentual (9,42%) de todo o índice da Fipe. Em abril, a elevação havia sido de 19,70% e a contribuição chegou a 0,68 ponto porcentual (62,44%) da inflação geral.

Com este fator importante da energia elétrica, o grupo Habitação subiu 0,74% em maio, muito menos que o avanço de 2,30% de abril. O IPC só não foi ainda menos expressivo porque houve resistência de alguns grupos, como Alimentação e Saúde em níveis elevados.

O grupo Alimentação apresentou alta de 0,88% ante 0,83% em abril e contou com impactos vindos da parte industrializada, dos semielaborados e dos produtos in natura. Este último conjunto de componentes saiu de uma queda de 0,18% em abril para uma elevação surpreendente de 0,65%, para a Fipe, no mês seguinte.

Quanto à Saúde, o grupo ainda respondeu aos reajustes dos preços de medicamentos que já haviam influenciado a inflação de abril. Em maio, Saúde mostrou avanço de 1,08% contra 1,48% do mês anterior.

Para Chagas, um dos grandes destaques de desaceleração do IPC de junho poderá vir do grupo Habitação, cuja projeção é de alta de 0,63% e que terá como aliada uma queda do item energia elétrica, em função de reduções previstas nas alíquotas de PIS/Cofins para o mês. Para Alimentação, a estimativa é de avanço de 0,40%, com ajuda de aumentos menores esperados para os preços das carnes.

Quanto à Saúde, a Fipe aguarda variação positiva de 0,22% com a saída do impacto do reajuste nos remédios. Para Transportes, que subiu 0,30% em maio, o instituto espera alta de 0,17% em junho, com a continuidade de baixa nos preços do etanol.

Em Despesas Pessoais, a Fipe previu uma aceleração, com o grupo caminhando para uma elevação de 0,83% (ante 0,27% em maio), com um efeito gerado por reajustes nos preços de jogos de loteria e com uma recuperação do item Passagens Aéreas. Em maio, este último item recuou 10,27% e gerou um alívio de 0,06 ponto porcentual (9,15%) para o IPC, liderando o ranking de contribuições de baixa da inflação paulistana.

A despeito de uma projeção menor para o IPC de junho ante o resultado de maio, André Chagas não demonstrou empolgação. Tudo porque a taxa esperada não só continuará alta para os padrões sazonais como será muito maior que a de junho de 2014, quando houve taxa positiva de apenas 0,04%. "Estamos com uma inflação ainda muito forte e com uma resistência ainda muito alta", comentou o coordenador, que manteve a previsão de 6% para o IPC de 2015.

Se a taxa da Fipe para junho for confirmada, será, no entanto, o resultado mensal mais baixo deste ano e o menos intenso desde dezembro de 2014, quando a inflação foi de 0,30%. Em janeiro, o IPC subiu 1,62%; em fevereiro, 1,22%; em março, 0,70%; em abril, 1,10%; e, em maio, ficou em 0,62%.

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