Economia

Crise e aumentos sucessivos promovem ‘apagão’ no pagamento de contas de luz no Espírito Santo

Segundo o economista, desde os anos de 1990 o valor da energia elétrica não tinha reajustes acima do índice inflacionário. Número de inadimplentes no ES ultrapassou 8%

Inadimplência subiu 8,44% de fevereiro a maio, diz  Foto: ​TV Vitória Empresa Luz e Força Santa Maria

A energia elétrica – um dos produtos de primeira necessidade na vida dos brasileiros – está doendo no bolso dos capixabas. É o que mostra um estudo do professor da Rede Doctum, Paulo Cezar Ribeiro Silva, que calculou o percentual médio de aumento da conta de luz na capital Vitória: 49% de janeiro a maio. Isso significa que um cliente que pagou R$120, no final do ano passado, hoje tem de gasto, aproximadamente, de R$180 com a conta de luz.

Segundo o economista, desde os anos de 1990 o valor da energia elétrica não tinha reajustes acima do índice inflacionário. “Depois da estabilização da economia com o plano Real e o fim da inflação, em 1994, um aumento de 50% em um produto de necessidade básica nunca mais tinha ocorrido”, explicou.

O reajuste acima das correções salariais, que em média não ultrapassam 10%, fez com que não só os capixabas, mas os usuários de todo o país, deixassem as contas por pagar. De acordo com um estudo divulgado pela SPC Brasil, o calote ao pagamento às empresas de energia chega perto dos 14%. O número no Noroeste do Estado chegou, em dois meses, a 8,44%, segundo a Empresa Luz e Força Santa Maria, que administra a distribuição de luz a 11 municípios capixabas. A EDP Escelsa informou que não divulga dados sobre inadimplência.

Na avaliação de Paulo Cezar Ribeiro Silva, o percentual de inadimplentes deve aumentar ainda mais até o fim do ano. “Ainda teremos, no segundo semestre, mais um reajuste nas tarifas de energia, e não há previsão da retirada da bandeira vermelha da conta dos capixabas. Agregado ao fato de que não receberão aumentos acima do nível da inflação, a solução de alguns será intercalar o pagamento das contas e ir quintando as antigas, para não haver corte”, lamentou. 

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