Economia

Plano decenal de energia considera base menor de consumo, afirma EPE

Entre o PDE 2023 divulgado em setembro do ano passado e o PDE 2024, apresentado hoje, houve uma importante revisão nas projeções da economia brasileira

Redação Folha Vitória
A ampliação do parque gerador, dessa vez, terá peso maior advindo das chamadas novas fontes renováveis Foto: Divulgação

São Paulo - O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2024, divulgado nesta quarta-feira, 16, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), já considera um cenário distinto de consumo de energia no Brasil, reflexo da retração da demanda deste ano. Ao contrário da previsão inicial de aumento do consumo, o governo agora sinaliza uma queda de 1,6% em relação a 2014. O número, contudo, foi atualizado em agosto e pode sofrer novas revisões em função da debilidade da atividade econômica desde então.

"O plano para a área de energia elétrica tem um efeito base. Mesmo que a demanda se recupere depois, ela ainda crescerá sobre uma base menor", afirma o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. "Em 2016, se chover, haverá desligamento de térmicas e o preço (da energia) pode cair. Então precisaremos ver o comportamento desse consumidor", diz.

Entre o PDE 2023 divulgado em setembro do ano passado e o PDE 2024, apresentado hoje, houve uma importante revisão nas projeções da economia brasileira, com sinalização de retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e 2016. Em função da desaceleração da atividade econômica, o consumo de energia vai encolher neste ano e deve apresentar leve alta no próximo ano, segundo o presidente da EPE.

O PDE 2024 prevê que a capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil será ampliada em 73 mil megawatts (MW), ou 73 GW. A projeção sugere que o parque gerador brasileiro saltará do patamar de 132,9 GW em 2014 para 206,4 GW em 2024, um aumento de 55,3%. No PDE anterior, a EPE projetava um parque gerador com 195,9 GW em 2023.

A ampliação do parque gerador, dessa vez, terá peso maior advindo das chamadas novas fontes renováveis. A capacidade dos complexos eólicos saltará de 5 GW para 23,9 GW, e com isso a participação da fonte na capacidade instalada nacional passará de 3,7% para 11,5%. No caso das fontes solar, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), de forma combinada, o número irá variar de 16,2 GW para 32,6 GW. A participação do mercado, dessa forma, subiria de 11,4% para 15,8%.

Confirmada a ampliação da potência conjugada de 21,2 GW para 56,5 GW - aumento de 35,3 GW ou 166% -, o aumento seria superior ao previsto entre as fontes hidráulicas. No caso das usinas hidrelétricas, a projeção da EPE sugere que a capacidade instalada saltará de 89,3 GW para 117 GW, uma variação de 27,2 GW ou 31%. Como resultado, a participação das fontes hidráulicas no parque gerador nacional deve cair do patamar de 67,6 GW em 2014 para 56,7 GW em 2024.

A participação das fontes não renováveis também deve cair no decorrer da próxima década, ao oscilar de 16,3% para 16% do total. A retração é explicada porque a capacidade instalada de usinas como térmicas a gás e carvão passará de 21,6 GW para 33 GW, um aumento de 11,4 GW ou de 52%.

Expansão

As estimativas apresentadas pela EPE no PDE 2024 levam em consideração o êxito na licitação de projetos considerados complexos, caso da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. O empreendimento, contudo, ainda enfrenta problemas de licenciamento ambiental e por isso o leilão da usina não ocorrerá neste ano. Hoje, Tolmasquim afirmou pela primeira vez que a hidrelétrica deverá ser leiloada apenas em 2016.

Também no próximo ano devem ser leiloadas usinas a serem construídas no curso do Rio Piqueri. Esses projetos também dependem de licenciamento ambiental.

Outros dois entraves à licitação de tais empreendimentos são as condições de captação de recursos e a situação das grandes construtoras do País, envolvidas no escândalo da Lava Jato. "Acreditamos que não haverá problema em relação ao investidor, mas temos que ver a situação das construtoras", afirma Tolmasquim.

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