Economia

Investimento Direto no País soma US$ 6,712 bi em outubro e supera estimativas

Redação Folha Vitória

Brasília - Os Investimentos Diretos no País (IDP) voltaram a ser suficientes para cobrir o rombo nas contas externas em outubro. Segundo informações divulgadas nesta quinta-feira, 26, pelo Banco Central, esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 6,712 bilhões no mês passado. O resultado ficou acima das estimativas apuradas pelo AE Projeções com os economistas do mercado financeiro, que iam de US$ 4,9 bilhões a US$ 6,6 bilhões, e da mediana de US$ 6 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de outubro ficaria em US$ 5,7 bilhões.

No ano até outubro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 54,923 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses até o mês passado, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 70,723 bilhões, o que representa 3,84% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os números levam em conta a nova metodologia do BC para as estatísticas de Setor Externo. Com a mudança, o Banco Central introduziu nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil ao invés de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em outubro, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 673 milhões.

Maior IDP

Em entrevista à imprensa, o chefe-adjunto do departamento econômico do Banco Central, Fernando Rocha, disse que o ingresso líquido de US$ 6,712 na conta de IDP em outubro foi a maior do ano. Ele destacou que, tanto no mês como no acumulado do ano, esse investimentos são suficientes para compensar o déficit de transações correntes.

"Retornamos àquela situação na qual o IDP financia integralmente o déficit em transações correntes. É a primeira vez no ano que isso acontece", acrescentou.

Investimento em ações

O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 119 milhões em outubro. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido maior, de US$ 1,162 bilhão. No ano até outubro, o saldo está no azul em US$ 10,522 bilhões. Para o ano completo, o BC projeta que a aplicação nesses papéis some US$ 11 bilhões.

As aplicações em ações negociadas no País ficaram negativas em US$ 153 milhões. Já as negociadas no exterior (ADRs) registraram um saldo negativo de US$ 14 milhões.

Investimento em renda fixa

O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou negativo em US$ 2,397 bilhões em outubro e positivo em US$ 12,717 bilhões no acumulado de 2015 até o mês passado. Em igual mês do ano passado, essas aplicações foram positivas em US$ 3,510 bilhões.

O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre esse tipo de aplicação. Mais recentemente, o ciclo de aperto monetário aumentou o diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo, tornando as aplicações brasileiras de renda fixa mais interessantes para os estrangeiros.

O investimento em títulos negociados no exterior ficou negativo em US$ 855 milhões em outubro e em US$ 6,628 bilhões no ano até o mês passado.

Taxa de rolagem

O Banco Central informou também que taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior ficou em 81% em outubro depois de ter registrado 205% em setembro. Esse novo patamar significa que não houve valor suficiente para rolar compromissos das empresas no período. O resultado ficou bem menor também do verificado em outubro do ano passado, quando a taxa havia sido de 278%.

De acordo com os números apresentados hoje pelo BC, a taxa de rolagem dos títulos de longo prazo, que até a nota apresentada em abril com números de março tinham a nomenclatura de "bônus, notes e commercial papers" ficou em 33% em outubro. Em igual mês de 2014 havia sido de 215%. Já os empréstimos diretos conseguiram uma cobertura de 131% no mês passado ante 299% de outubro do ano passado.

No ano, a taxa de rolagem total ficou em 107%. Os títulos de longo prazo tiveram taxa de 68% e os empréstimos diretos, de 120% no período.

Fundos de investimento

Em outubro, os fundos de investimento voltaram a apresentar aplicações US$ 285 milhões maiores do que saques. Em setembro, o resultado ficou deficitário em US$ 335 milhões. A mudança de postura do investidor internacional em setembro se deu logo após a notícia de rebaixamento da nota soberana do Brasil, no dia 9, pela agência de classificação de riscos Standard & Poor's. O resultado de outubro é fruto de ingressos de US$ 368 milhões e saídas de US$ 82 milhões.

Em agosto, o resultado ainda estava positivo em US$ 181 milhões e, em julho, o saldo positivo foi de US$ 624 milhões. Em outubro do ano passado, o resultado estava negativo em US$ 38 milhões. Ao longo de todo o ano passado, o resultado ficou no azul em US$ 900 milhões.

A última vez que essa rubrica tinha apresentado volume de saídas maior do que o de entradas foi em junho deste ano, no valor de US$ 235,1 milhões. O mês com a maior retirada da nova série histórica do BC foi em abril de 2014, de US$ 881,5 milhões.

Quando um país perde o selo de grau de investimento, os fundos ficam mais reticentes em enviar recursos porque há regras específicas que impedem aplicações em locais que não têm o título de bom pagador por pelo menos duas agências, o que ainda ocorre no caso do Brasil. No dia 15 de outubro, a Fitch também rebaixou o Brasil em um grau, mas manteve o investment grade, apesar de ter deixado o País em perspectiva negativa.

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