Economia

State Grid analisa possibilidade de disputar Jupiá e Ilha Solteira em leilão

Redação Folha Vitória

São Paulo - A chinesa State Grid é mais uma empresa a analisar, neste momento, a possibilidade de participar do leilão de relicitação de 29 usinas, a ser realizado no final deste mês. De acordo com o vice-presidente de operações e manutenção da State Grid no Brasil, Ramon Haddad, a companhia tem interesse particular nas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, porém ainda aguarda aval do comando do grupo na China para saber se apresentará ou não uma proposta pelos ativos.

O curto prazo de tempo e a imposição do pagamento de uma outorga, avaliada em R$ 17 bilhões, dos quais R$ 11 bilhões na assinatura do contrato, tornam a participação no leilão mais desafiadora. "Foi um prazo curto para que fossem tomadas todas as decisões. Seria ainda mais curto se fosse estruturada uma parceria. Como é uma decisão diretamente da China, antes de decidirmos por uma parceria, precisaríamos de uma decisão do país", disse Haddad. O executivo participou nesta quarta-feira, 11, do 1º Encontro dos Altos Executivos do Setor Elétrico (Enaltesse), promovido pela Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE).

A disputa pelas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, explicou Haddad, é apenas uma das frentes de crescimento da State Grid no Brasil. A companhia pretende participar do leilão de transmissão previsto para o dia 18 de novembro, também estuda participar do processo de privatização da Celg Distribuidora, uma empresa do grupo Eletrobras, entre outras alternativas.

O orçamento da State Grid para o Brasil no decorrer dos próximos cinco anos soma cerca de R$ 15 bilhões, segundo Haddad, mas esse valor pode subir, a depender da concessão de autorizações extras a partir da China. A eventual participação no leilão das 29 usinas hidrelétricas a serem relicitadas também depende de uma "autorização extra", disse o executivo.

Expansão

Não fossem os ambiciosos projetos de crescimento futuro, a companhia também é responsável pela construção de dois dos principais projetos do setor elétrico em curso no Brasil neste momento. A primeira linha de transmissão da usina de Belo Monte já está em fase de obtenção de licenciamento e tem a State Grid como principal acionista. Os chineses detêm 51% de participação do consórcio, formado também por Furnas e Eletronorte, com 24,5% de participação cada. O investimento no projeto foi avaliado inicialmente em R$ 5 bilhões.

Haddad afirmou que os responsáveis pelo 1º linhão de Belo Monte pretendem concluir o projeto dentro do cronograma, em 2018, mas ressaltou que o processo de licenciamento está atrasado - deveria ter sido concluído em julho. Não há, segundo o executivo, qualquer questão técnica que justifique o atraso, mas sim questões inerentes ao processo do licenciamento em si.

No caso do 2º linhão de Belo Monte, projeto cujo controle é integralmente da State Grid, o cronograma está sendo cumprido, segundo Haddad. "Estamos com as atividades adiantadas", disse. "Mas reforçamos que o cronograma de 50 meses para a conclusão da obra é bastante desafiador", ressaltou. O contrato de concessão foi assinado no último dia 22, segundo o executivo, e a State Grid ainda negocia com potenciais parceiros a venda de participação no empreendimento. A princípio, a State Grid almejava um modelo semelhante ao do 1º linhão, com a participação de Furnas e Eletrobras. Por isso, neste momento, a companhia não descarta o ingresso de eventuais parceiros no projeto.

O 2º linhão é avaliado em R$ 7 bilhões, número que sobe para R$ 9 bilhões incluindo o custo de capital e o pagamento de juros do principal, e deverá contar com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fatia do bando de fomento será de aproximadamente metade dos itens considerados elegíveis a financiamento, o que daria aproximadamente um quarto do valor total do investimento na linha de transmissão.

Além do BNDES, a State Grid analisa outras alternativas de financiamento, incluindo a emissão de debêntures de infraestrutura. "Em um projeto dessa natureza, a engenharia financeira é muito delicada. Ela pode inclusive dificultar um projeto, por isso, ao longo do projeto, vamos buscar todas as opções para termos o melhor resultado de financiamento do projeto", explicou Haddad.

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