Economia

Decepção com últimas medidas do BCE prejudica fundos de hedge

Redação Folha Vitória

Washington - As medidas de relaxamento monetário anunciadas na última quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), que ficaram aquém das expectativas, vão gerar perdas para os fundos de hedge.

Esses fundos, que negociam moedas, bônus e ações com base em projeções para a economia global, vêm apostando na fraqueza do euro e na valorização do dólar, à medida que o BCE amplia a acomodação monetária e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) se prepara para começar a elevar juros, possivelmente já a partir da próxima semana. Trata-se de um setor - de US$ 500 bilhões - que vem enfrentando dificuldades nos últimos anos.

Investidores dizem que a maior parte dos grandes fundos havia apostado contra o euro antes da reunião do BCE, quando o presidente da instituição, Mario Draghi, decepcionou os mercados ao cortar a taxa de depósitos, de -0,20% para -0,30%, e ampliar em seis meses a duração do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), que prevê a compra mensal de até 60 bilhões de euros em ativo. Alguns economistas previam um corte mais agressivo na taxa e que as aquisições mensais de ativos poderiam ser elevadas.

Diante da frustração com as medidas, o euro avançou mais de 3% frente ao dólar na quinta-feira, em um de seus melhores dias em anos, enquanto os juros de bônus soberanos saltaram e o índice acionário pan-europeu Stoxx 600 caiu 3,1%. No dia seguinte, o Stoxx Europe 600 recuou mais 0,4% e o euro devolveu apenas uma fração dos ganhos da véspera.

"Eu acho que foi doloroso para muita gente", comentou Michele Gesualdi, diretor de investimentos do Kairos Partners em Londres, que administra 8 bilhões de euros (US$ 8,7 bilhões) em ativos e investe em fundos de hedge. "Basicamente, todo mundo estava vendido em euro", acrescentou.

O Man Group, que tem US$ 76,8 bilhões em ativos sob sua administração, informou em sua página na internet que seu fundo diversificado AHL perdeu 5,1% no dia do anúncio do BCE.

Outros fundos que apostavam contra o euro, em menor ou maior grau, incluíram o Brevan Howard Asset Management, gestora de US$ 25 bilhões em ativos, assim como o Tudor Investment Corp., Moore Capital Management, e o Caxton Associates, segundo investidores. Não se sabe, porém, qual era a posição desses fundos no dia da decisão do BCE.

No acumulado do ano, os fundos de hedge mostram queda média de 0,1%. Segundo o provedor de dados HFR, esses fundos tiveram ganho médio de 5,6% em 2014, mas perderam dinheiro em 2011, 2012 e 2013. Fonte: Dow Jones Newswires.

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