Economia

Mais voos e lojas: saiba tudo o que pode mudar no Aeroporto de Vitória com possível privatização

Questionado sobre a possibilidade, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, explicou apenas que está estudando uma nova alternativa para o setor aéreo

Foto: ​Divulgação

Nas últimas semanas, aumentaram os rumores de que o Aeroporto Eurico Salles de Aguiar, em Vitória, pode ser privatizado no próximo ano. Questionado sobre a possibilidade, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, explicou apenas que está estudando uma nova alternativa para o setor aéreo, que será apresentada e aprovada pelo Conselho de Programa de Parcerias e Investimentos.

Sobre as transformações que acontecem nos aeroportos privatizados, como Confins (Belo Horizonte) e Viracopos (Campinas), o professor de transporte aéreo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Alessandro Oliveira, explica que as mudanças são recebidas de forma benéfica pelos passageiros, como aumento no número de voos e lojas.

“A privatização tende a melhorar a gestão dos aeroportos, trazendo investimentos, melhorias e expansão. No ITA temos alguns estudos que mostram que a demanda foi alavancada nos aeroportos da primeira rodada de concessão, que foi Guarulhos (São Paulo), Viracopos (Campinas) e Brasília. Esses aeroportos tiveram um plus, um aumento acima da economia e das condições do transporte aéreo, significando que provavelmente as companhias aéreas viram o caráter estratégico do aeroporto, colocaram mais vôos, reduziram as tarifas, fizeram mais propaganda e promoções. Com isso, os vôos se tornaram mais visíveis e os passageiros voaram mais. Esse acréscimo de demanda é benéfico não só para o aeroporto, que gera receita, mas para a cidade como um todo”, afirma o especialista.

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O professor esclarece que a privatização pode acontecer por dois motivos: expansão ou melhoria da gestão. No Brasil, segundo ele, os aeroportos são privatizados na maioria das vezes porque o Estado perdeu a capacidade de fazer investimentos.

“O principal motivo em geral é a expansão ou a melhoria da gestão, depende de cada caso. No caso do brasileiro, em geral, acontece porque o Estado perdeu a capacidade de fazer investimento e ele procura investidores interessados no ramo. Em ambos os casos, é possível se dizer que a experiência pode ser um sucesso e pode trazer melhorias na gestão. No que diz respeito principalmente à gestão, o privado tem uma certa liberdade em buscar novos negócios, tanto na área aeronáutica quanto na área comercial. Na área aeronáutica, ele vai atrás de novas companhias aéreas, dialoga melhor com as companhias existentes e, eventualmente, os arranjos produtivos são melhores desenhados de maneira que as empresas se interessem mais pelo aeroporto. Do ponto de vista comercial, ele pode e deve ir atrás de mais receitas comerciais porque isso vai permitir que ele dilua os custos dele. Quanto mais receita comerciais, melhor”, explica Oliveira.

“A privatização tende a melhorar a gestão dos aeroportos, trazendo investimentos, melhorias e expansão"

O especialista ainda afirma que a tendência é que o aeroporto privado se torne mais próximo de um shopping do que quando ele é público. Para ele, a longo prazo se percebe uma melhor gestão, novas facilidades, instalações e lojas, que acabam agradando o passageiro.

Resultados em terminais aéreos que já estão sob concessão:

>> Aeroporto de Guarulhos

O número de lojas passou de 102 para 222 Foto: Reprodução

- Área dos terminais: passou de 191.540 m² para 387.109 m²

- Capacidade dos terminais: de 30 milhões pax/ano para 48 milhões pax/ano

- Capacidade dos pátios de aeronaves: de 79 para 123 posições

- Pontes de embarque: 25 para 45

- Balcões de check-in: 320 para 362 

- Vagas de estacionamento: 3,9 mil para 9 mil vagas

- Lojas: 102 para 223

>> Aeroporto Internacional de Belo Horizonte

A capacidade atual do Aeroporto Internacional de Belo Horizonto é de 14 milhões  Foto: Divulgação

- Capacidade de passageiros: com a inauguração do novo Terminal 2 no final deste ano, a capacidade será de  22 milhões de passageiros/ano. Antes da concessão, a capacidade do Aeroporto era de 10 milhões de passageiros/ano. Em setembro de 2015, a concessionária iniciou a operação do Terminal 3, que ampliou a capacidade do Aeroporto para a capacidade atual de 14 milhões de passageiros/ano.

- Investimentos: até o final de 2016, a BH Airport irá investir R$ 750 milhões na construção do novo Terminal 2, que irá ampliar a capacidade do Aeroporto para 22 milhões de passageiros/ano. A BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de BH, já investiu, desde agosto de 2014 (início da concessão), mais R$ 230 milhões, em obras e melhorias na estrutura aeroportuária do Terminal 1.

- Número de lojas: passou de 65 para 82 lojas.

- Pontos de embarque: vai passar de 9 para 26 pontos

>> Aeroporto Internacional Tom Jobim (RioGaleão)

Novo RioGaleão Foto: Divulgação

O que mudou desde o início da operação, em 2014, até as Olimpíadas, em 2015.

- Pontes de embarque: 32 para 58

- Pátio de aeronaves: 500 mil m² para 760 mil m²

- Área de Duty Free: 4 mil m² para 8 mil m²

- Área de Salas Vip: 2 mil m² para 6 mil m²

- Balcões check-in no terminal 2:    111 para 174

- Área comercial: 10 mil m² para 24 mil m²

- Área total de terminais de passageiros (terminais 1 e 2 e Píer Sul): 280.000 m²    para 416.000 m²

- Companhias aéreas: 22 para 27

- Edifício Garagem: 1 mil para 3 mil vagas

Obras no Aeroporto de Vitória

Obras no aeroporto devem terminar no próximo ano Foto: Divulgação

 As obras do Aeroporto de Vitória estavam paralisadas desde 2008 e foram retomadas no ano passado. Após mais de 10 anos de atraso, o novo aeroporto deve ficar pronto em 2017 e recebeu um investimento de R$ 523,5 milhões.

De acordo com a Infraero, o atual terminal de passageiros do Aeroporto de Vitória tem 5.500 m². São 15 pontos comerciais, duas esteiras de restituição de bagagens e 565 vagas de estacionamento de veículos. O aeroporto possui apenas uma pista de pousos e decolagens. As obras em andamento contemplam a construção de nova pista, sistemas de pistas de taxiamento e pátios, além do novo terminal de passageiros.  

No momento, a obra do novo terminal de passageiros recebe os serviços de fundação e estruturas e de instalações elétricas/eletrônicas e hidrossanitárias. Já foram executadas a colocação de 100% das 500 estacas e 100% dos 138 blocos de concreto, totalizando um volume de mais de 5,600 mil m³ de concreto.

Parte dos pilares e vigas já está no canteiro de obras e foi iniciada a montagem da estrutura do terminal. Foram executadas a instalação de 50% das tubulações subterrâneas e do nivelamento do pavimento. Estão sendo assentados os pré-moldados de piso.

Já a pista está recebendo serviços de terraplenagem, drenagem, pavimentação e sistemas de navegação aérea. As outras intervenções, como evolução das frentes já citadas e a parte de comunicação visual, paisagismo e estacionamento de veículos, deverão ser desenvolvidas ao longo deste ano e de 2017. O mesmo vale para as frentes de trabalho da nova pista.

A Infraero não comenta a possibilidade de concessão do aeroporto.

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