Economia

Crise hídrica prejudica lavouras e preço do café dispara no Espírito Santo

Para driblar a crise hídrica cafeicultores mudaram o sistema de irrigamento, construíram caixas secas e barragens. Além disso, se preparam para entender as condições climáticas

Com a estiagem prolongada, as lavouras de café no Sul do Estado não se desenvolvem como deveriam Foto: Divulgação

O Espírito Santo enfrenta, desde 2014, a mais grave crise hídrica da sua história e a redução das chuvas desde então vem provocando uma diminuição recorde da vazão dos rios. A situação não prejudicou somente o abastecimento de água, mas também a produção de café no sul do Estado que teve um aumento de 100% no seu preço desde o ápice da crise.

De acordo com o técnico agrícola da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul), Higo Machado de Oliveira, apesar da chuva, a situação ainda continua crítica em Muqui e região. Por conta da longa estiagem, foi decretado estado de calamidade pública na cidade.

O reflexo direto foi sentido nas lavouras de café. Segundo ele, 143 produtores que fazem parte da cooperativa registraram perdas. Em comparação com a safra de 2014, houve uma queda de 60% na produção.

“Isso representa aproximadamente 12 mil sacas a menos de café. Hoje a cooperativa está trabalhando para minimizar a crise hídrica utilizando a irrigação localizada, conhecida como irrigação de gotejamento, com os produtores que trabalham com sistema de irrigação. Estamos construindo barragens para quando chover, a água ser ‘segurada’ pela barragem dentro da propriedade”.

Hoje existem 12 barragens nas áreas que a Cafesul atua e outra ação adotada pela cooperativa foi a construção de caixas secas, que são buracos feitos ao longo das estradas para que a água da enxurrada se desloque para estas caixas e abasteça o lençol freático.

“A construção foi possível através de parcerias e estamos orientando os produtores, ensinando técnicas e visitando as propriedades. Iremos realizar um seminário na próxima semana para 250 produtores onde iremos abordar as tendências climáticas e os impactos na agricultura. Não houve registro de produtores que tenham desistido da cultura do café porque realizamos um bom trabalho de orientação de como passar por este período”, disse Higo.

Além da mudança de comportamento dos produtores em relação ao consumo da água e o aumento no valor do grão, a crise hídrica se reflete na safra deste ano e se refletirá na safra do ano que vem.

“As propriedades não estão desenvolvendo, estamos na fase de brotação das lavouras e houve uma queda na qualidade do café por causa da falta de água, perdemos produtividade por causa da seca e o resultado é que o preço do café subiu em tono de 100% em relação ao período de antes da crise hídrica de 2014, com a oferta menor, os preços se elevaram e com isso, a indústria repassou para os consumidores a porcentagem desse aumento”.

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