Economia

Possível retorno da Samarco vai impactar ainda mais o PIB capixaba, aponta presidente do Conselho Regional de Economia

Victor Nunes Toscano

Foto: Vitor Bermudes/Mosaico Imagem

Diante de investimentos, provenientes de grandes empresas, e dos pequenos sinais de melhora na situação da conjuntura econômica do Espírito Santo e do Brasil, os especialistas no assunto já afirmam que 'o pior da crise já passou'.

Com projeções de melhora, ainda que baixa, para os últimos meses do ano de 2017, alguns setores devem apresentar reações positivas em relação ao ano de 2016, como o setor da agricultura, principalmente na cultura cafeeira. Os setores da indústria e do comércio também devem apresentar melhoras.

É o que acredita o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Victor Nunes Toscano. Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, ele falou também sobre as projeções do mercado econômico para 2018 e as perspectivas para o mercado de trabalho no Espírito Santo. 

Folha Vitória: Quais as projeções para a economia no Espírito Santo para o final de 2017 e o ano de 2018?
Victor Nunes Toscano:
Para 2017, há uma grande chance de que a economia do Estado fique estável em relação a 2016, ou seja, entre 0 e 1% de crescimento. Este resultado, ainda que não seja muito animador, já aponta que o pior da crise já passou. Para traçar uma perspectiva para 2018, devemos considerar alguns fatores que podem condicionar o ritmo de crescimento da economia. Entre eles, a possibilidade de retorno das atividades da mineradora Samarco no Estado pode ter um impacto considerável no desempenho do PIB capixaba. Em segundo lugar, a confiança associada ao cenário político, que propicie a retomada dos investimentos. Por serem situações muito incertas, é complicado fechar uma previsão em relação ao ano de 2018.

FV: Quais são os sinais que indicam essa reação econômica?
V.N:
Alguns sinais são importantes para indicarmos uma melhoria do nível de atividade. O primeiro deles é o desempenho do indicador de PIB trimestral calculado pelo IJSN (Instituto Jones dos Santos Neves), que no primeiro trimestre já apontou crescimento de 2,3%, com ajuste sazonal. Além disso, o mercado de trabalho no 2º trimestre já apontou sinais de melhora, com uma queda relativa na taxa de desocupação, que passou de 14,4% para 13,4% do primeiro para o segundo trimestre deste ano.

F.V: Quais os setores que mais devem reagir positivamente?
V.N:
Conforme apontado na resposta anterior, o indicador geral da economia do Espírito Santo tem apresentado melhoras em relação a 2016. Primeiramente, a agricultura aponta para safras melhores que a do ano anterior, principalmente na cultura cafeeira. A indústria, novamente, aponta sinais de recuperação, relacionados ao setor de extração de petróleo, que experimenta uma melhora dos preços cotados internacionalmente. O setor de comércio e serviços, por sua vez, também dá sinais de melhoria, com desempenhos superiores que os registrados no mesmo período do ano anterior.

F.V: Alguns estudos e projeções apontam que diferentes setores apresentam números bem divergentes. Como é possível que haja essa diferença?
V.N:
Esse comportamento é possível, uma vez que os setores têm dinâmicas muito diferentes entre si. Por exemplo, o comércio tem uma forte ligação com a renda da população, que desde o início da crise está estagnada. Já a indústria do Estado reage aos movimentos internacionais, de modo que as cotações dos preços das commodities são mais preponderantes para o desempenho deste setor.

F.V: Para quem está em busca de uma oportunidade de trabalho, qual a perspectiva na criação de emprego?
V.N:
As perspectivas são melhores que as de 2016. Ao que parece, o pior da crise já passou e algumas empresas já se preparam para retomar às suas atividades. Este movimento tende a demandar profissionais, entretanto, sob um ambiente de maior concorrência.

F.V: Como as Reformas Trabalhista e Previdenciária podem influenciar na economia?
V.N:
As reformas, em geral, são necessárias. De imediato, a maior influência da agenda reformista recai sobre a confiança dos agentes econômicos, principalmente, os empresários. Maiores níveis de confiança da classe empresarial estão associados a uma maior disposição a investir, e é o investimento que move a economia, gerando novas oportunidades de negócios e emprego para a população. Entretanto, os resultados destes investimentos demoram a aparecer na economia, dado o tempo de maturação dos empreendimentos.

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