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Raphael Montes se consolida como escritor policial

São Paulo - Bastaram poucos meses para o escritor Raphael Montes deixar de ser uma promessa para se consolidar como um sólido autor policial. Desde sua estreia em 2012, com Suicidas (Benvirá), até o lançamento de Dias Perfeitos (Companhia das Letras), nesta terça-feira, 15, à noite, ele figurou entre os finalistas dos prêmios São Paulo (ano passado) e Machado de Assis (2012). Melhor: conseguiu elogio de um papa da escrita noir, o americano Scott Turow, que vaticinou: "Raphael certamente redefinirá a literatura policial brasileira e vai surgir como uma figura da cena literária mundial".

Aos 23 anos, o carioca Raphael Montes já trabalha como um veterano. Com promessa de publicar seu terceiro livro em 2015, ele vê sua ainda escassa obra se desdobrar no cinema (o produtor Rodrigo Teixeira já comprou os direitos) e em outras línguas - a americana Penguin Press já prepara a tradução de Dias Perfeitos, assim como a Deux Terres.

Qual o segredo de tanto sucesso? Trabalho. Advogado de formação, Montes é um leitor atento das intrigas policiais e, sem querer copiar, consegue traçar com segurança uma trama de suspense. E sem se repetir. Basta avaliar as duas obras - enquanto Suicidas é um caudaloso livro sobre nove jovens que se reúnem para se matar em um jogo de roleta-russa, Dias Perfeitos assemelha-se a uma soturna sonata, sobre Téo, rapaz que se revela um psicopata ao sequestrar Clarice, garota por quem se apaixona, obrigando-a a viajar para diversas cidades.

"Sou muito detalhista, não gosto de deixar nenhum fio solto", confessa ele, fã de uma mestra do gênero, Patricia Highsmith, autora que não tecia tramas rocambolescas e assassinatos intrincados como Agatha Christie - suas histórias de crimes estúpidos e sem sentido, por mais banais que possam parecer à primeira leitura, provocam angústia no leitor justamente por serem bem próximas da vida real.

Assim é Dias Perfeitos - Téo é um herói criminoso e cada figura está lá por inteiro, esperando o leitor abrir o livro, para saltar sobre ele como aquelas obras infantis que projetam castelos ocultos entre duas páginas. A escrita se espalha por estilos, interroga os gêneros e ataca seus leitores exatamente onde eles se identificam.

"Gosto de embaralhar regras do gênero policial, evito aquela fórmula tradicional de um crime desvendado por um detetive, que surpreende o leitor", conta o escritor. Mesmo assim, ele tem um desejo: escrever uma obra ao estilo Agatha Christie. Conhecimento, já tem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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