Entretenimento e Cultura

Gentili usa seu humor na pele de corrupto

Redação Folha Vitória

São Paulo - Assistir às sessões do plenário e frequentar gabinetes da Câmara dos Deputados não entraram na lista de tarefas de Danilo Gentili para interpretar um parlamentar corrupto em Politicamente Incorreto, série que ele protagoniza no canal FX a partir desta segunda-feira, 15, às 20h30. O laboratório do humorista foi outro. "Comecei a pedir coisas emprestadas e ficar sem devolver", faz graça.

Na trama de oito episódios, ele encarna Atílio Pereira, deputado que se envolve em um escândalo de corrupção, mas que, por engano, ganha fama de mais honesto do País. O partido vê, então, a chance para que ele seja eleito presidente do Brasil e começa uma campanha. O candidato, entretanto, está mais preocupado em se divertir em seu gabinete, onde funcionários caricatos exercem diferentes funções e pouco trabalham.

Entre os destaques estão o assessor de comunicação Kenji (Sérgio Menezes), um negro que diz ser de origem japonesa, e Duda (Paula Possani), poderosa assessora de imagem cuja função é preparar Atílio para comandar a nação. "Ela já fez até terrorista ganhar o Nobel", diz Gentili, que escreve a série em parceria com o diretor Fabrício Bittar. Ironicamente, a falta de seriedade na política nacional dificulta o roteiro. "Não estamos dizendo o que seria um absurdo, é um compilado de absurdos que fazem parte da nossa realidade.

Quebramos cabeça tentando pensar o que ele falaria no plenário. Abrimos o jornal, vemos o discurso de um político de verdade e falamos: 'Se escrevêssemos isso, diriam que estamos forçando, que ninguém falaria assim'. Aqui, tem até mais coerência."

Não é à toa que o horário de exibição da série foi estratégico. "Temos uma concorrência dificílima de humor: o horário eleitoral. É desleal", diverte-se Gentili. Produzida pela Clube Filmes, Politicamente Incorreto terá participações de profissionais que interpretam eles mesmos. A polêmica âncora do SBT Rachel Sheherazade chegou a gravar, mas não teve autorização da emissora para aparecer no FX. "Antes, eu ia para o Congresso para apanhar e agora sou entrevistado", compara o humorista, que, na época do CQC, foi agredido pelos seguranças de José Sarney. Partes do Congresso, aliás, foram recriadas nos estúdios do polo cinematográfico de Paulínia.

Danilo Gentili conta que casos reais envolvendo políticos podem ser retratados como ficção na série. "É sempre a mesma coisa que acontece, talvez existam várias coincidências." Segundo o comediante, o humor não será tão rasgado. "A gente explora a vergonha alheia", explica.

Uma das figuras que deve chamar a atenção é Chagas, presidente do partido de Atílio, interpretado por José Dumont. Ele é o mentor da campanha e vai circular em uma cadeira de rodas elétrica. "Ser cadeirante talvez o deixa mais humano. Já atropelei metade do elenco. Ela corre mais que um Lamborghini", brinca Dumont.

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