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Série 'Sexo e as Negas' marca retorno de Cláudia Jimenez

Redação Folha Vitória

Rio - Com seu habitual salto alto Manolo Blahnik, Carrie Bradshaw talvez tivesse dificuldade ao ter a impensável missão de dançar funk até o chão. Entretanto, Tilde, Zulma, Lia e Soraia, respectivamente interpretadas por Corina Sabbas, Karin Hils, Lilian Valeska e Maria Bia, tiram a tarefa de letra - e com um sapato bem mais barato - em Sexo e as Negas, série inspirada no sucesso Sex and the City, que estreia nesta terça-feira, 16, às 23h20, na Globo.

A trama, escrita por Miguel Falabella, fala do dia a dia e das aventuras amorosas de quatro mulheres negras moradoras da favela Cidade Alta, no subúrbio carioca, realidade bem diferente do quarteto que circula por Manhattan na produção norte-americana. "A série fala do lúdico da mulher negra em um mundo adverso a elas, preconceituoso e machista", define o autor, que teve a ideia após frequentar festas de sua camareira, Nieta Costa, moradora da comunidade, que fica no bairro de Cordovil, zona norte do Rio.

Na semana passada, a atração causou rebuliço e foi alvo de denúncias de conteúdo racista e discriminatório na ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. "Protestar é bom, a gente está precisando", disse Falabella durante a apresentação da produção para a imprensa, na segunda. No dia seguinte, o ator escreveu um depoimento rebatendo as críticas de entidades ligadas ao movimento negro. "Como é que saem por aí pedindo boicote ao programa, como os antigos capitães do mato que perseguiam seus irmãos fugidos? O negro mais uma vez volta as costas ao negro. Não sei o que é mais assustador, o prejulgamento ou a falta de humor."

Assim como em Sex and the City, as protagonistas têm um ponto de encontro. Menos requintado, porém, mais animado, o Bar da Jesuína, cuja dona é vivida por Cláudia Jimenez, será um local importante para a trama das quatro. "Como a Jesuína é mais velha, dá conselhos para as meninas. Mais ou menos como eu faço", compara Cláudia, que diz ter virado mentora das atrizes, há pouco tempo na TV. "É bom estar perto das pessoas que estão começando. Elas perguntam se está bom. Ajudo com a minha experiência e idade. Mas elas não estão precisando muito, são talentosas", derrete-se. Apesar de quase desconhecidas na TV, as atrizes têm passagens por musicais, habilidade aproveitada na série. Ao final de cada episódio, elas surgirão em um clipe, cuja letra pode ter conexão com a história vivida naquele dia.

A série marca a volta de Cláudia ao batente, que ficou dois anos afastada, entre idas e vindas ao hospital por causa do coração. Em 2013, ela passou por uma cirurgia para colocação de um marca-passo. "Estou ótima, meu coração está batendo bem. Daqui a pouco, vai rolar um romance, pois ele já está aguentando. Mas, no momento, não estou sentindo falta de ninguém. Daqui para baixo (põe a mão no pescoço), está fechado para obras", diverte-se.

A atriz afirma que cuidar da mente tem sido mais importante do que manter o hábito de exercícios e a dieta. "A terapia é fundamental porque o estresse mata mais gente do que qualquer outra doença. A gente tem de controlá-lo. Ainda mais eu, filha de italiano com espanhol, sangue quente. Tenho de voltar a viver e aproveitar enquanto eu estiver aqui."

Cláudia ainda estava internada quando Falabella a chamou para o projeto. "Lá, não estava pensando em trabalho, estava motivada a ficar boa, colocar meu coração para funcionar. Saber que o Miguel estava me esperando aqui me acalentou muito", confessa ela, que tremeu na base ao ter de trocar a válvula aórtica. "Como já tinha operado o coração uma vez, operar de novo era um risco grande. Fui para o centro cirúrgico sem saber se ia voltar. Foi um momento difícil. Mas, como sou guerreira, estou aqui", orgulha-se.

Outro momento tenso foi quando a atriz esteve na Cidade Alta para cenas externas. A comunidade carioca foi um dos destinos de traficantes que migraram após a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora em outras favelas. "Na hora, a gente fica com medo. Mas, quando chega lá, eles são tão queridos que aí muda. A gente fica com medo porque não conhece. Para eles também, a gente invadiu a comunidade, chegou lá com um monte de gente, de caminhão. Eles também ficaram cabreiros." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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