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Sebastião Salgado inaugura hoje o Ecofalante

Redação Folha Vitória

São Paulo - Como preparativo para o recente Festival de Berlim, o então presidente do júri, o cineasta Darren Aronofsky - de Noé -, deu uma entrevista dizendo que não existe, no contexto atual, tema mais importante que a questão ambiental. No final, o júri dele não levou a sério o próprio conceito e não atribuiu os prêmios maiores a nenhum filme ligado nos temas do meio ambiente, incluindo o maior de todos na Berlinale de 2015 - El Botón de Názcar, do chileno Patricio Guzmán. Mas a advertência de Aronofsky permanece. Merece ser lembrada nesta quarta-feira, 18 - a partir desta quinta, 19, para o público -, em que começa na cidade o 4.º Ecofalante, Festival de Cinema Ambiental.

Para abrir o evento, numa sessão exclusiva para convidados, foi escolhido o documentário O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado, pai do segundo. Muitas vezes discutido por cosmetizar/estetizar a miséria, Sebastião clicou o formigueiro humano de Serra Pelada e, depois, desenvolveu séries antológicas - Trabalhadores Rurais, Êxodus, Gênesis. Sua preocupação o levou a recuperar uma imensa área desmatada no interior do Brasil, desenvolvendo um projeto socioambiental dos mais significativos.

O próprio Salgado estará na cidade para a inauguração do Ecofalante, que vai prosseguir até dia 29, exibindo filmes de 23 países. A programação contempla 65 títulos e o diretor do evento, Chico Guariba, destaca que o critério de seleção é artístico. Só depois, um grupo de curadores que trabalha com ele estabelece as linhas temáticas, que este ano são seis - cidades, energia, biodiversidade, recursos naturais, consumo e povos e lugares. O objetivo é sempre transformar o evento em plataforma para debate de questões essenciais.

A mostra Contemporânea, com 32 filmes, é a menina dos olhos da seleção. A Latino-americana inclui quatro brasileiros (num total de 12). A crise da água ganha um segmento específico e o 4.º Ecofalante pela primeira vez transforma a homenagem a um grande autor em retrospectiva. Mesmo que não seja completa, a retrospectiva de Jorge Bodanzky, com sete filmes, contempla o novo longa do diretor, No Meio do Rio, Entre as Árvores, e seu clássico Iracema, Uma Transa Amazônica, de 1974. Misto de documentário e ficção, Iracema foi alvo da censura do regime de exceção. É um filme que subverte tudo, a ideia romântica da virgem dos lábios de mel de José de Alencar e a Transamazônica, que os militares viam como rodovia de integração nacional, por meio do motorista de caminhão que se envolve com prostituta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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