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Taxista paranormal guia primeira série nacional do AXN, Santo Forte

Redação Folha Vitória

São Paulo - O sujeito pode ser atropelado, levar um tiro no peito ou uma facada, que em seguida se levanta e sai andando. Assim é João da Cruz Forte, personagem de Vinícius de Oliveira em Santo Forte, primeira série feita para o canal ANX no Brasil - estreia dia 30, domingo, às 21h. Em 13 episódios que ocuparão 1 hora no ar, a história de um taxista que usa seus poderes para ajudar os outros faz parte das conversas de Roberto D'Ávila, dono da produtora Moonshot Pictures, há pelo menos 12 anos. E foi apresentada ao grupo Sony, do AXN, em 2008.

De lá até que houvesse dinheiro para a produção, foi outra jornada. O produto só vingou com verba do Fundo Setorial do Audiovisual, mais incentivo fiscal via artigo 39, que permite aos canais estrangeiros trocar o pagamento de impostos devidos no Brasil por investimento em produção brasileira.

Vinícius, ator que surgiu para a fama na pele do menino do filme Central do Brasil, foi a pérola encontrada pela produção aos 45 do segundo tempo. "Faltava um mês para começar a gravar e a gente ainda não tinha o protagonista", conta D’Ávila, que assina a direção-geral.

Carioca capaz de criticar os serviços prestados no Rio de Janeiro, Vinícius reconhece que João é a antítese da imagem do taxista de sua cidade. "Sempre fui o carioca que falou mal do Rio, dos serviços. Já cheguei a descer de táxi no Rio porque o cara queria me cobrar a mais", lembra o ator. "A questão de ser um taxista gentil não foi nem para contrapor a essa questão dos taxistas do Rio, foi uma coisa mais do texto mesmo", diz.

Adepto do candomblé, ele aprova as soluções que a paranormalidade de João ganha na série, sempre com a ajuda de um pai de santo (Celso, papel de Thiago Justino). Chegou a dar palpite em algumas cenas, mas avisa que o enredo não tem compromisso com nenhuma religião. "A gente trata religião como normalmente se trata religião no Brasil: muito informalmente, como parte de alguma coisa", endossa D’Ávila. "O cara vai ali no pai de santo, assim como a mulher dele (Dalva, papel de Laila Garin) é irmã de um pastor evangélico", reforça o diretor.

Mais que um dom, João se sente na obrigação de ajudar as pessoas que se revelam para ele, involuntariamente: uma espécie de raio X lhe revela os dramas dos passageiros do táxi.

Cada episódio se fecha em si, com um passageiro e problemas diferentes. "Lá pelo 7.º episódios", avisa D’Ávila, "o público saberá onde tudo isso começou". Ao longo dos episódios, uns mais leves, outros mais dramáticos, veremos João, casado e pai de dois filhos, perdendo a mão justamente com a família. "A carga para ajudar os estranhos é tão forte, que ele encontra dificuldade em lidar com a família dele." O elenco conta ainda com Cassiano Carneiro, Tamara Taxman, José Araújo, Cacá Ottoni e Davi Maia. O roteiro é de Marc Bechar, um dos autores do argumento, e a direção no set, de João Machado.

Para Alberto Niccoli, vice-presidente do grupo Sony no Brasil, a temática da série, que envolve mistério, misticismo e exoterismo, vem ao encontro da linha adotada pelo canal AXN. Há mais de quatro anos, desde que foi criada, a lei da TV paga, que estabelece 3h30 de produção nacional no horário nobre de todos os canais pagos, tem sido cumprida pelo AXN apenas com a exibição de filmes brasileiros. Niccoli justifica que o canal demorou a bancar a primeira série em razão da dificuldade de encontrar um produto de qualidade que se encaixasse na identidade do canal. Agora é testar sua eficiência entre a audiência para autorizar a produção de uma segunda temporada. Boas histórias contadas debaixo de um taxímetro é o que não faltam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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