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Com cartaz desenhado por Scorsese, 39ª Mostra traz 312 filmes de 62 países

Redação Folha Vitória

São Paulo - Há quase 40 décadas que o espetáculo se renova e recomeça, todo ano. O cinéfilo espera pelo momento mágico em que a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o maior evento de cinema da cidade e um dos maiores do Brasil, traz à capital o melhor dos cinemas brasileiro e mundial. Pense nos vencedores de Cannes, Veneza e Berlim. Pense nos filmes nacionais que você está querendo ver, nas retrospectivas e apresentações especiais. A Mostra tudo traz, tudo exibe.

Criador da Mostra, Leon Cakoff morreu há quatro anos. Sua companheira, na arte e na vida, Renata de Almeida, não deixa a Mostra acabar. A deste ano, de número 39, tem o cartaz desenhado por Martin Scorsese, cuja ONG, The Film Foundation, é a homenageada por seu trabalho na recuperação e preservação de clássicos. Para a abertura, terá de esperar até à noite. Hector Babenco venceu a primeira Mostra com Lúcio Flávio Passageiro da Agonia e, depois, criou o pôster e inaugurou a Mostra de 2007 com O Passado.

Babenco bisa o feito com Meu Amigo Hindu. O longa inspira-se na luta do diretor contra a morte. Ele admite estar feliz. "Fiz o meu melhor", anuncia. Como o DCP não ficou pronto, não houve sessão para a imprensa. Todos vamos descobrir o filme na sessão desta quarta-feira, 21, para convidados. Na quinta-feira, 22, a maratona começa para o público.

São 312 filmes, representando 62 países. Serão apresentados em 22 pontos da cidade. Tem gente que tira férias, outros pipocam do trabalho para os locais de exibição, tentando ver o maior número de possível de filmes.

A Mostra traz os vencedores dos maiores festivais. Realiza homenagens e retrospectivas, faz apresentações especiais. Dheepan, de Jacques Audiard, Palma de Ouro em Cannes, O Filho de Saul, de Lazslo Nemes, grande prêmio do júri e prêmio da crítica também em Cannes, Desde Allá, de Lorenzo Vigas, Leão de Ouro em Veneza - são atrações da Mostra. E os brasileiros? Se a mostra exige ineditismo para sua seleção internacional, a nacional é aberta a produções premiadas no País, para permitir que concorram aos prêmios em dinheiro que poderão ajudar no lançamento.

A Mostra exibe os vencedores de Brasília (Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba) e do Rio (as ficções Boi Neon, de Gabriel Mascaro, Aspirantes, de Ives Rozenfeld, e Mate-me Por Favor, de Anitta Rocha Silveira, os documentários O Olmo e a Gaivota, de Petra Costa, e Futuro Junho, de Maria Augusta Ramos). Não fique atraído só por grandes prêmios. O documentário O Botão de Pérola, de Patricio Guzman, ganhou um discutível prêmio de roteiro em Berlim (foi o que sobrou na divisão do júri), mas é uma obra-prima, como a ficção Os Campos Voltarão, de Ermanno Olmi, exibido numa mostra paralela da Berlinale. Certas obras chegam precedidas de uma reputação tão grande que só louco para perder a trilogia As Mil e Uma Noites, de Miguel Gomes - o segundo, O Desolado, é o melhor.

Alguns filmes poderão provocar desconcerto, como Eisenstein em Guanajuato, de Peter Greenaway, sobre a aventura gay do diretor do cultuado O Encouraçado Potemkin no México. Limite, de Mário Peixoto, volta na versão restaurada pela Film Foundation de Martin Scorsese. Ainda na retrospectiva da Film Foundation, destacam-se Bom-Dia Tristeza, de Otto Preminger, A Cor da Romã, de Serguei Parajanov, e O Bandido Giuliano, de Francesco Rosi. Fãs de comédias italianas poderão reverenciar o mestre Mario Monicelli com as versões, também restauradas, de A Grande Guerra e Os Eternos Desconhecidos. E tudo isso rola até 4 de novembro. Haja disposição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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