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Crítica: Pedro Almodóvar transforma “Julieta” em jornada de sofrimento e amor

A nova obra do diretor espanhol marca o seu retorno a valorização dos personagens femininos e o resultado final é simplesmente imperdível

Julieta "fisga" o seu espectador com a incrível jornada de sua personagem principal Foto: Divulgação

Dono de uma estética menos vibrante que a de costume. Repleto de sofrimento e reviravoltas como já é de praxe. Julieta, o novo filme de Pedro Almodóvar, chama atenção com uma história poderosa, personagens bem desenvolvidos e um roteiro que combina amor e sofrimento.

Julieta, personagem título da obra, é uma mulher de meia idade prestes a se mudar de Madrid para Portugal para acompanhar seu namorado e recomeçar a vida. Entretanto, após um encontro fortuito com uma antiga amiga de sua filha, ela desiste da mudança e resolve escrever uma carta para a sua filha, e assim, relembrar o passado que fez tanta questão de esquecer.

O filme foi indicado à Palma de Ouro no último Festival de Cannes, mas não conseguiu grande destaque na competição, apesar de  sua inegável qualidade. Ele foi baseado em três contos da escritora canadense Alice Munro, muito bem adaptados pelo diretor.

A personagem Julieta é protagonizada em dois momentos intercalados, presente e passado, e com a mesma maestria pelas atrizes Emma Suárez e a bela Adriana Ugarte. Outro ponto favorável é a força dos personagens secundários, com destaque para Rossy de Palma, responsável pelos poucos alívios cômicos do filme.

Pedro Almodóvar e as atrizes Emma Suárez e Adriana Ugarte Foto: Divulgação

Novamente Almodóvar valoriza os personagens femininos, o melodrama, a cor vermelha e realiza uma de suas obras mais maduras. O filme transborda emoção e intensifica o clima intenso de suspense, ainda mais valorizado pela trilha sonora que auxilia no tom misterioso dos seus personagens. É dessa forma que o filme “fisga” o seu espectador para a incrível jornada da personagem principal.

Apesar de Julieta ser inferior aos melhores filmes do diretor, como “Tudo Sobre Minha Mãe”, o excepcional “Fale com Ela” e “A Pele que Habito”, ainda assim, é infinitamente superior ao seu último filme, o decepcionante “Os Amantes Passageiros”, talvez o pior trabalho de sua filmografia.

Julieta se destaca pela forma madura que é conduzida por Almodóvar, pela profundidade dos seus personagens e pelos intensos momentos presentes em seu roteiro. Uma obra simplesmente imperdível.

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