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Mimo Festival chega à 12ª edição apostando em um conceito

Redação Folha Vitória

São Paulo - O Mimo Festival mexeu com conceitos de festivais de música no Brasil desde que foi criado, há 12 anos. É o único a apostar em atrações fora dos circuitos convencionais, já que até pilares de resistência indie, como o Lollapalooza, renderam-se aos negócios. Mais ainda, usa a força de suas atrações, que podem ser desde um grupo de blues do deserto africano até um gaitista de fole escocês, para reforçar um conceito. Sem querer comparar universos tão distintos, já comparando: enquanto o Rock in Rio investe na ideia de transformar-se em parque de diversões, o Mimo se torna uma espécie de cápsula teletransportadora. Andar pelo centro histórico das cidades que o sediam é como viajar pelo mundo em algumas horas. A música é sempre surpreendente em vários sentidos.

A produção dividida há dois anos entre Lu Araújo (produtora que concebeu tudo, faz a curadoria viajando pelo mundo e controla cada refletor de luz) e Luiz Calainho (empresário da produtora Musickeria, homem de negócios com tino para trazer divisas e influência para conseguir investidores) tem vingado. Depois de perder a sede de Olinda no ano passado, com a crise da economia nas alturas, o festival retomou essa importante ponta para este 2016 e ainda fez uma ousada investida em território lusitano. A pequena cidade de Amarante, ao Norte de Portugal, nunca havia recebido algo parecido. Um festival de música com nomes brasileiros, portugueses, africanos e norte-americanos. O prefeito gostou tanto do movimento de turistas em seu sítio que resolveu fechar a próxima edição para 2017.

Os números do festival se acumulam. Mais de 1 milhão de espectadores assistiram a 180 filmes gratuitos (em uma mostra de cinema paralela) e a 344 concertos também com entrada franca. Mais de 3.300 músicos passaram pelas cidades históricas participantes, com cerca de 20 mil alunos beneficiados pela chamada etapa educativa (workshops e palestras). Foram mais de 950 horas de uma música sem fronteiras, feita por artistas de países como Mali, Cuba, EUA, Argentina, França, Alemanha, Camarões, Bélgica, Portugal, Itália, Ucrânia, Portugal, Coreia do Sul, Jamaica, Escócia, Índia, Suíça, Espanha, Colômbia e Jordânia, além do Brasil.

Edição 2016

Paraty recebe os artistas entre 14 e 16 de outubro. As atrações de ponta serão o senegalês Cheikh Lô, o quarteto ucraniano DakhaBrakha e o escritor e compositor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa. Entre os brasileiros, poucas surpresas entre grandes, como a cantora Elza Soares, ainda nas graças do excelente álbum A Mulher do Fim do Mundo; e o rapper Emicida, com participação especial do baterista Wilson das Neves. Este pode ser um ponto a se atentar. O Mimo prova, edição após edição, precisar cada vez menos de um blockbuster. O mesmo faro que tem para localizar um Dakhabrakha na Ucrânia deve ser acionado para abrir mais as cortinas em seu próprio País.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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