Entretenimento e Cultura

Sete agremiações abrem desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo

Chuva, problemas técnicos, homenagens, cores, brilho, famosos e muito samba no pé marcaram a primeira noite do carnaval paulista

Sete agremiações abriram a noite de desfiles em São Paulo Foto: Divulgação/LIGASP

A noite da última sexta-feira (24) foi embalada pelo som das baterias das escolas de samba do Grupo especial de São Paulo. Com sete agremiações, a primeira noite de desfiles foi um verdadeiro show no Carnaval Paulista. Confira abaixo como foi a apresentação de cada uma delas.

Primeira na avenida, Tom Maior enfrenta sufoco com carro alegórico

A Tom Maior, primeira escola de samba a entrar na avenida na noite de ontem no Anhembi, passou por um sufoco na entrada do primeiro carro alegórico. No Carnaval deste ano, a Tom Maior homenageou a cantora Elba Ramalho. Com o rosto do Padre Cícero, o veículo não fez a manobra correta para sair da concentração e precisou dar ré quatro vezes, o que atrasou a escola. Na tentativa de resolver o problema, o carro ultrapassou a linha amarela, que limita o espaço do desfile.

A dificuldade mobilizou pelo menos 20 membros da escola. O público vibrou quando o problema foi resolvido, quase dez minutos depois. O tempo mínimo do desfile de cada escola é 55 minutos e o máximo, 65 minutos. A Tom Maior desfila com fantasias que fazem referências à religiosidade e às festas regionais, como o Maracatu. Nas roupas, predominam as cores da escola: amarelo, branco e vermelho.

Ontem, o sambódromo paulistano trouxe de polêmicas novas a um desfile com autorização religiosa. Primeira a desfilar, a Tom Maior homenageou Elba Ramalho, seguida pela Mocidade, que aproveitou para festejar seu jubileu de ouro. Na sequência, com aval da Igreja, a Unidos de Vila Maria falou de Nossa Senhora Aparecida. O Zimbábue, na África, foi o tema da Acadêmicos do Tatuapé. Sexta e penúltima a desfilar, a Tucuruvi falou de um tema que virou polêmica paulistana só após a escolha do enredo: o grafite. Os pets de Luisa Mell, tema da Águia de Ouro, encerram o primeiro dia de desfiles.

Comemorando 50 anos de história, Mocidade Alegre desfila banhada de dourado

Segunda a entrar no sambódromo do Anhembi, em São Paulo, o desfile da Mocidade Alegre foi um banho de dourado. A cor ouro tem uma razão: o grupo faz uma homenagem aos 50 anos da própria escola, fundada em 24 de setembro de 1967. Em 2017, a escola comemora seu Jubileu de Ouro. Vestidos de verde e vermelho, os homens e as mulheres da bateria da escola fizeram uma alusão a São Jorge.

A escola chegou ao desfile de 2017 com o enredo "A vitória vem da luta. A luta vem da força. E a força...da união!". O desfile teve uma ala com bobos da corte e palhaços que seguravam balões verde e vermelho, com um carro alegórico que teve a participação de crianças. Outro carro destacou símbolos de origem africana.

Com inovação na bateria, Vila Maria homenageia Nossa Senhora Aparecida

A Unidos da Vila Maria foi a terceira escola a entrar no Anhembi no primeiro dia de desfiles do carnaval de 2017. Com o enredo "Aparecida - A Rainha do Brasil, 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro", a bateria chamou a atenção no início do desfile, na madrugada deste sábado, quando "parou" e deixou o público cantando parte do refrão "Oh Senhora! Oh Senhora!".

Convidado pela escola, o cantor Daniel cantou uma pedacinho da música Nossa Senhora, de Roberto Carlos, no início do desfile, antes da bateria entrar em ação.

Cantando pela primeira vez no sambódromo, Daniel chegou acompanhado da esposa por volta de 1 hora da manhã. "É um super presente poder homenagear de uma forma tão diferente a nossa mãe, a Nossa Senhora de Aparecida. É muito prazeroso estar aqui. Poder demonstrar a fé é tão bom, seja a religião que for", disse.

O artista contou que já esteve no Anhembi uma vez, a convite da escola de samba Vai-Vai. Desta vez, além de cantar um pedacinho da música, o artista disse que desfilaria em um carro alegórico.

Daniel esteve na quadra da Unidos de Vila Maria na semana passada ensaiando com os membros da escola. Segundo o cantor, a preparação para o desfile foi mais psicológica do que física nos últimos dias. "Tenho conversado muito com ela (Nossa Senhora) esses dias, mais ainda do que normalmente. Foi esse o preparo", afirmou.

Gaviões da Fiel mostra história de migrantes que formaram São Paulo

Com homenagem aos migrantes de São Paulo, o desfile da Gaviões da Fiel chamou a atenção por sua rainha de bateria, a artista Sabrina Sato, e, como de costume, pela ausência da cor verde, que remete ao rival Palmeiras.

Vestida de cangaceira, Sabrina atrasou alguns minutos para a concentração e chegou correndo para se posicionar. O primeiro carro alegórico apresentou bonecos gigantes com uma família de retirantes.

Participaram do desfile crianças e cadeirantes. Os integrantes da bateria se vestiram de cangaceiro e trouxeram imagens de xilogravura nos pandeiros e na percussão.

Destacaram-se fantasias com placas trazendo as palavras: esperança, sonhos, oportunidades e emprego. No samba-enredo, a letra falou em "garra de gavião", "mãos calejadas" e "dura realidade", para referir-se aos migrantes.

Foram distribuídas bandeiras da Gaviões da Fiel e muitos espectadores gritavam "Vai, Corinthians!" para incentivar a escola.

Atual vice-campeã, Acadêmicos do Tatuapé celebra povos da África

Atual vice-campeã do carnaval de São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé celebrou os povos da África na madrugada deste sábado no Anhembi. O enredo é intitulado "Mãe África conta a sua história: Do Berço Sagrado da Humanidade à Terra Abençoada do Grande Zimbabwe".

Um dos destaques foi o penúltimo carro alegórico da escola, com crianças e integrantes da velha guarda, que contagiou o público. O desfile durou uma hora e um minuto.

Fundada em 1952 com o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, a escola da zona leste teve uma trajetória de glória nos últimos anos. Após um jejum de seis carnavais, a Tatuapé voltou ao grupo especial em 2013. No ano passado, foi vice-campeã com uma homenagem à fluminense Beija-Flor de Nilópolis.

Em 23 de abril do ano passado, dia de São Jorge, a escola definiu o enredo de 2017. O projeto é o primeiro do carnavalesco Flávio Campello na Tatuapé. Ele substituiu Mauro Xuxa, quem assinou os últimos cinco desfiles.

Acadêmicos do Tucuruvi presta homenagem aos artistas de rua

Os cerca de três mil integrantes da Acadêmicos do Tucuruvi entraram no Anhembi na madrugada deste sábado em uma exaltação à arte de rua. O enredo tem como tema "Eu sou a arte: meu palco é a rua", com garra e entusiasmo que contagiaram o público.

Da comissão de frente com uma bailarina, a um carro alegórico com homens seminus e outro com mulheres, o público vibrou com um que tinha palhaços, trapezista e crianças. No último, latas de spray com mulheres e paredes repletas de grafite.

Os últimos instantes da Tucuruvi na avenida, no entanto, foram de tensão. A escola quase não conseguiu cumprir o tempo de uma hora e cinco minutos de desfile e se livrou por segundos de ser penalizada.

Águia de Ouro fecha primeiro dia com desfile sobre proteção dos animais

A Águia de Ouro, última escola a desfilar na passarela do samba no primeiro dia de carnaval de São Paulo, fez um desfile em homenagem à fidelidade dos animais. Cães famosos como Rin-Tin-Tin, Scooby Doo, Snoopy, Bidu, Dama e Vagabundo foram celebrados. Além dos caninos, tigres, girafas, passarinhos, golfinhos e elefantes tomaram conta da avenida. Os cães também apareceram na comissão de frente, que sambou com pelúcias nas mãos, como fantoches.

No samba-enredo "Amor com amor se paga. Uma história animal", um verso fez referência à ativista de causas animais, Luísa Mell. Outro trecho cantou um resumo do momento do desfile da Águia, com o céu já claro, após chuviscos durante a madrugada: "Amanheceu. Já garoou."

No desfile, até as renas foram lembradas e compuseram a fantasia de uma ala de papais noéis. Um carro alegórico exibiu pinturas que reproduzem filmes com protagonistas animais, tendo um boneco gigante da personagem Cruela Cruel como destaque. Em outro carro, com crianças em cima, havia personagens da Turma da Mônica.

Pontos moeda