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Promotor afirma que Oscar Pistorius é egoísta e falso

Pretória - O promotor do julgamento de Oscar Pistorius pelo assassinato de Reeva Steenkamp acusou o atleta paralímpico de manter um comportamento egoísta na sua relação com a modelo antes da matá-la. Nesta quinta-feira, o promotor Gerrie Nel disse que o pedido de desculpas à família de sua namorada feita no tribunal na última segunda-feira foi um "espetáculo" hipócrita que ignorou os sentimentos de seus familiares. "Na sua vida você é a única coisa importante", disse o promotor, no segundo dia de interrogatório de Pistorius pela acusação.

Nel disse que Pistorius era às vezes rude com Reeva, e se lembrou da relutância dela em tocar no seu carro uma canção do rapper norte-americano Kendrick Lamar. Pistorius mencionou a canção em uma mensagem de texto enviada para a modelo em que reconhecia o seu desgosto pela melodia, que foi incluída como prova no julgamento.

O promotor perguntou se o nome da música era "Bitch, Don't Kill My Vibe" ("Vadia, Não Mate Minha Vibração), mas Pistorius disse que não se lembrava dessa música em particular. Nel respondeu que Reeva tinha o direito de se sentir ofendida.

Uma mensagem de telefone de Reeva a Pistorius que foi apresentada no tribunal inclui um fragmento em que ela diz: "Você me faz feliz em 90% do tempo e eu acho que estamos muito bem juntos, mas não sou outra vadia que você pode acreditar que está tentando matar sua vibração".

As duras perguntas foram destinadas a combater o depoimento anterior de Pistorius, no qual ele disse que amava Steenkamp, e tentava protegê-la quando atirou, sem perceber que ela estava no banheiro.

Assim, duas imagens contrastantes surgiram no julgamento: a da defesa, em que um homem estava preocupado com um possível crime e cometeu um erro terrível na noite em que Reeva morreu, e a descrição da acusação, que aponta Pistorius como um egoísta autoritário, obcecado por armas de fogo.

Nel se referiu a um incidente em um restaurante de Johanesburgo em que uma arma carregada disparou quando um amigo a passou a Pistorius por baixo da mesa. O atleta, que também enfrenta uma acusação por esse incidente, disse que não tinha o dedo no gatilho da arma quando esta disparou. Isso aconteceu um mês antes da morte de Reeva.

O promotor declarou que um especialista da polícia afirmou que a arma não podia disparar sem alguém puxar o gatilho e sarcasticamente declarou que o tiro deve ter sido um "milagre".

Falando da relação entre Pistorious e Reeva, Nel disse que tinha revisado as mensagens de texto no telefone dela e encontrou apenas duas vezes a frase "Eu te amo". Em ambas, ele afirmou, as mensagens eram da modelo para a sua mãe. "Nunca com você e você nunca disse isso a ela", afirmou Nel a Pistorius.

"Eu nunca tive uma oportunidade de dizer a Reeva a amava", disse o paratleta. O réu não olhou para Nel para responder, mas dirigiu o seu olhar para a juíza Thokozile Masipa.

O atleta paralímpico está sendo julgado após atirar em sua namorada através da porta do banheiro da sua residência em 14 de fevereiro de 2013. Pistorius diz que confundiu Reeva com um intruso na sua casa. Já as promotores defendem que ele a matou deliberadamente após uma discussão.

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