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Tradicional na formação de atletas de alto nível, basquete capixaba luta por patrocínios

O Espírito Santo, pelo menos nos últimos 20 anos, sempre tem contribuído com atletas na seleção brasileira de basquete masculino. Além do handebol feminino, o basquete masculino é o único esporte coletivo com participação no principal campeonato nacional da modalidade. Mas, por falta de patrocínio, a cada ano a permanência de um clube capixaba na elite do basquete brasileiro é cada vez mais difícil. 

O Espírito Santo Basquete, clube de Vila Velha, participa do Novo Basquete Brasil (NBB) desde a primeira edição da competição, temporada 2008/2009, quando ainda levava o nome de Cetaf. Naquele temporada participava outro clube capixaba, o Saldanha da Gama, que deixou de disputar a competição na temporada 2009/2010 por falta de patrocínio. No lugar do alvirrubro passou a competir no NBB, na temporada seguinte, o Vitória/Cecre, que se limitou a participar daquela temporada e saiu da competição nacional também por falta de dinheiro.

A única equipe capixaba atualmente é o Espírito Santo, que vem sofrendo para manter o time na competição nacional. Com falta de apoio, os resultados não aparecem em quadra. Na temporada 2013/2014 a equipe foi a última colocada entre 17 times, com apenas quatro vitórias em 32 jogos.

"Quando falamos em alto rendimento é necessário investimento. Hoje só temos apoio do setor público. Desde que iniciamos o projeto, há sete anos, percebemos os programas públicos melhorando, dando suporte. Mas na contramão disso tudo está a iniciativa privada, que não nos dá apoio", lamentou o presidente do Espírito Santo Basquete, Luiz Felipe Azevedo.

O presidente vem afirmando ano após ano que o basquete profissional no clube pode acabar por falta de apoio. "A gente não pode dar continuidade no time por falta de patrocínio. Acaba o campeonato e precisamos dispensar os jogadores. Já não temos representantes capixabas nos campeonatos nacionais nos principais esportes coletivos e o basquete tem grandes chances de ficar de fora também. Já chegamos ao absurdo de termos patrocinadores de fora do Espírito Santo, mas o empresariado capixaba não apóia, eu não entendo", disse Luiz Felipe.

Base 

Potencial para atletas o Estado tem. Nos últimos 20 anos nomes como o do próprio Luiz Felipe serviram à seleção brasileira. Além dele, seu irmão Márcio, Aylton Tesch, Sandro Varejão e atualmente Anderson Varejão, que também atua na principal liga de basquete norte-americano, a NBA.

Sabendo desse potencial é que Luiz Felipe ainda mantém fé no basquete capixaba por meio do Cetaf, que forma jogadores nas categorias de base. "Nós temos quase 200 atletas em todas as categorias. Temos bons meninos para trabalhar, o qua falta mesmo é apoio. Nossa intenção é trabalhar esses meninos até que eles cheguem ao profissional", disse Luiz Felipe.

Um bom exemplo disso é o armador Mateus Poltronieri, 19, que foi formado dentro do clube e neste ano disputou seu primeiro NBB. Curiosamente o jogador começou pelo futsal.

“Entrei no Cetaf com 10 anos e logo depois influenciado por meu pai e amigos dele passei para o basquete. Na temporada passada do NBB eu já fazia parte do time, mas só neste ano joguei minhas primeiras partidas. Foi uma ótima experiência”, disse o jogador.

Novidade
Um dos nomes mais conhecidos do basquete capixaba, Alarico Duarte juntou forças de seu clube, o Cecre, com um dos mais tradicionais clubes do Estado, o Álvares Cabral, para fortalecer as categorias de base do Espírito Santo.

Alarico esteve à frente dos projetos do Saldanha da Gama e Vitória/Cecre pelo NBB e agora quer implantar a cultura do basquete no Estado para despertar os patrocinadores.

A expectativa é de que o Estado volte a ter mais um clube no NBB, mas Alarico descartou a ideia, pelo menos por enquanto. "Nós não seremos a salvação de nada temos uma grande dificuldade em trabalhar o alto rendimento no Estado.  Queremos uma base forte, implantar a cultura do basquete no Estado para futuramente os empresários capixabas notarem que investir no esporte é um bom negócio", disse Alarico.

Trabalhando com todas as faixas-etárias das categorias de base, o primeiro desafio da nova parceria é a disputa da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB). A competição para atletas sub-22  começa em julho.

O supervisor de basquete do clube cabralista, Marcos Tadeu Carvalho, o Mug, está animado com a nova parceria e já pensa num futuro no basquete profissional, ainda que com cautela. 

"Nosso pensamento neste ano é no desenvolvimento da categoria sub-22e também com as demais categorias de base. Mais pra frente podemos começar a pensar em NBB, mas nada certo por enquanto, mesmo porque sabemos dos custos de disputar uma competição desse nível", disse Mug. 

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