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Seleção brasileira encerra o "ano interminável"

Contra a Áustria, equipe brasileira tenta a sexta vitória sob o comando do técnico Dunga, no fim da temporada que ficará marcada pelo vexame na Copa do Mundo 2014

A seleção entra em campo para o último amistoso de 2014 Foto: Divulgação

O Brasil entra em campo nesta terça-feira para seu último amistoso de 2014, ano que não vai terminar e que foi permeado por fortes emoções, grandes esperanças e o maior vexame de todos os tempos da seleção. Se o resultado na Copa do Mundo jamais será apagado, o time que enfrenta a Áustria em Viena a partir das 16h atravessa um processo de reconstrução interna em sua longa busca por voltar a ter respeito internacional.

Mas o grupo já descobriu que só somar vitórias em amistosos não cicatrizará as feridas. "Ainda tentamos sair do inferno. Voltamos ao purgatório", disse José Maria Marin, presidente da CBF, em uma referência à frase que disse antes da Copa alertando que, no caso de uma derrota, todos iriam ao inferno.

Nesse clima, Dunga deixa claro que só um resultado interessa contra os austríacos: a vitória. A estratégia é vencer todas as partidas que disputar para voltar a dar confiança aos jogadores, reconquistar a torcida e até a credibilidade de patrocinadores.
Bruno Domingos/Mowa Press

Sob o comando do treinador, foram cinco jogos, cinco vitórias, 12 gols marcados e nenhum sofrido. Para garantir 100% de aproveitamento, o time que entra em campo é o mesmo da goleada por 4 a 0 sobre a Turquia, na semana passada. "Quanto mais confiança um jogador tem, mais ele vai render", justificou o treinador.

Marin também defende uma "renovação paulatina", para não queimar os mais jovens. O trabalho de reconstrução do time passa por um novo comportamento dentro de campo e no vestiário. Nos últimos dias, em Viena, Dunga promoveu uma reviravolta no ritmo dos treinos, o que chegou a deixar os mais experientes sem fôlego. Adotou um sistema de treinos acelerados, com inovações: o uso de mais de dois goleiros, configurações variadas de campo e sempre com a meta de conseguir um time compacto, rápido e em que todos marquem.

"Esse é o futebol moderno", afirmou. "Temos de treinar como se fosse um jogo, no mesmo ritmo e pressão." Ele diz que a vontade dos jogadores de superar a mancha da Copa é tão grande que é obrigado a retirá-los do campo de treinamento.
Outra marca dessa nova fase é a decisão de Dunga de alerta a todos que não existe vaga garantida. "As opções são muitas."

CICATRIZES

Apesar das vitórias e do discurso dos jogadores de que o grupo é unido, Dunga internamente enfrenta sérios desafios, como o protagonizado por Thiago Silva. O ex-capitão atacou a falta de diálogo com ele após perder a braçadeira e o lugar no time. Também mandou alertas de que a renovação não pode significar um abandono dos "mais experientes".

Dunga respondeu e deixou claro que quer respeito pela hierarquia. Ou seja, não é o jogador que se convoca. "Estamos fazendo uma renovação."

No contexto internacional, a seleção tem um longo percurso para recuperar a credibilidade. Os 7 a 1 sofridos no jogo com a Alemanha ainda são parte de qualquer conversa sobre futebol e os jogadores sabem disso. "Não fizemos nada ainda", admitiu Filipe Luís. "Temos de ter os pés no chão", confirmou David Luiz.

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