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Presidente da Federação Russa de Atletismo pede demissão após escândalo de doping

Balájnichev presidia a Federação Russa de Atletismo desde 1991, logo após o fim da União Soviética. E sempre insistiu que era contra qualquer método de doping nos esportes

Redação Folha Vitória
Balájnichev presidia a Federação Russa de Atletismo desde 1991 Foto: Reprodução / Diario Libre

Moscou - O escândalo de doping que atinge o atletismo da Rússia fez mais uma vítima nesta terça-feira. Desta vez, os seguidos casos de doping derrubaram o presidente da federação, Valentín Balájnichev, que renunciou ao cargo em entrevista coletiva, em Moscou. "Minha renúncia se deve a uma série de motivos, como o respeito pela federação e a mim mesmo", afirmou.

Balájnichev presidia a Federação Russa de Atletismo desde 1991, logo após o fim da União Soviética. E sempre insistiu que era contra qualquer método de doping nos esportes. Apesar disso, assumiu a responsabilidade pelos casos que vem atingindo o atletismo russo. "Não tenho sido capaz de lidar com os problemas de doping no time russo. E entendo que, como presidente, sou pessoalmente responsável."

Em sua despedida, Balájnichev destacou seu bom desempenho à frente do cargo, mas alertou que o doping poderá derrubar todas as conquistas recentes do atletismo do país. "Eu deixo para os meus sucessos uma federação em boas condições, sem dívidas. No momento, só temos um sério problema, que é o doping", enfatizou.

Preocupado com a repercussão de denúncias sobre o esporte russo, o dirigente já havia se afastado da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) em dezembro, quando renunciou ao cargo de tesoureiro da entidade. Foi uma resposta às notícias e ao documentário transmitido por um canal de televisão que denunciava o doping sistemático no atletismo da Rússia.

O documentário ganhou força no mês seguinte com o anúncio da federação russa de que cinco dos seus atletas da marcha atlética haviam sido pegos em exames antidoping, três deles campeões olímpicos - Olga Kanishkina, Serguéi Kirdiapkin e Valeri Borchin. Dias depois, a entidade divulgou dois novos casos: Yulia Zarípova, campeã olímpica nos 3.000 metros com obstáculos nos Jogos de Londres, e Tatiana Chernova, bronze em Londres em Pequim/2008 no heptatlo.

A IAAF informara que os cinco primeiros casos foram detectados pelo passaporte biológico, que rastreia valores sanguíneos anômalos durante longos períodos de tempo. A entidade lembrara que são agora 23 atletas russos de elite pegos por doping desde que o passaporte foi implementado, em 2009. Assim, a Rússia corresponde por praticamente dois terços de todos os 37 casos identificados.

Os casos em série custaram o emprego de Valentin Maslakov, técnico da seleção russa de atletismo desde 2007. Com 70 anos, ele tinha uma das carreiras mais sólidas da área, trabalhando há mais de 40 anos com o alto rendimento. Depois de Maslakov, foi a vez do presidente da federação, Valentín Balájnichev, deixar seu cargo nesta terça-feira.

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