Esportes

Construção do campo de golfe para Olimpíada de 2016 causa polêmica no Rio

Depois de 112 anos, o golfe volta à Olimpíada e já tem lugar assegurado entre as principais polêmicas dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro

Redação Folha Vitória

Rio - Depois de 112 anos, o golfe volta à Olimpíada e já tem lugar assegurado entre as principais polêmicas dos Jogos de 2016. Tudo por causa da decisão da prefeitura do Rio de ceder uma área de preservação ambiental para a construção do campo que vai receber os golfistas. Duas ações ajuizadas pelo Ministério Público do Estado questionam a transação e uma delas pede a paralisação das obras.

O campo de golfe, orçado em R$ 60 milhões, é de responsabilidade da Fiori Empreendimentos. Em troca, a prefeitura permitiu a exploração comercial de parte do terreno, localizado na Barra da Tijuca, e por meio de uma lei complementar mudou o zoneamento para abrigar o projeto - o que levou dois funcionários da Secretaria de Meio Ambiente a entregar o cargo.

Ativistas protestam em frente à área que receberá a disputa de golfe em 2016 Foto: Estadão Conteúdo

Ali, a cinco quilômetros do Parque Olímpico e a poucos passos da Lagoa de Marapendi, devem ser erguidos 23 prédios, cada qual com mais de 20 andares, em um condomínio que valeria cerca de R$ 1 bilhão. O gabarito anterior estabelecia o limite de seis pavimentos para imóveis construídos na área.

O MP vê irregularidades na concessão da licença ambiental para o campo de golfe olímpico e alega que o estudo técnico para tal foi indevido. Na primeira das ações, ressalta que é preciso impedir a remoção de vegetação nativa e da fauna, a criação de lagos artificiais e o "prosseguimento de toda e qualquer obra de construção das edificações previstas" para o local.

Enquanto isso, ativistas do "Ocupa Golfe" acampam há quatro meses em frente ao estande do empreendimento. Eles se revezam em torno de cadeiras de praia, lonas e caixas de isopor para denunciar irregularidades e querem o embargo das obras.

Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Correa, de 19 anos, lamenta o que considera "uma devastação" de um dos espaços mais bonitos da cidade. "Desmataram uma área extensa e agora lutamos para o replantio das espécies nativas e a volta de animais para o seu hábitat".

O grupo conta com quase 10 mil simpatizantes em redes sociais. No local, em meio a quatro pistas da Avenida das Américas, cerca de 50 jovens se dividem em três turnos para exibir faixas de protesto. Quando a reportagem esteve no acampamento, pôde-se ouvir a manifestação de motoristas, que por ali passavam em alta velocidade. Alguns buzinavam em apoio ao movimento, outros preferiam ofendê-los.

Para o presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), Joaquim Carvalho, o investimento vai revitalizar uma área "que estava degradada e onde havia exploração regular de areia, que não tinha significado nenhum". Joaquim sustenta que a fauna e a flora não foram nem serão afetadas com a construção do campo e dos prédios. "Não é prioridade para a prefeitura ter um campo de golfe. Se fosse com dinheiro público, talvez pudesse haver o questionamento", disse.

VANTAGENS - Uma outra ação partiu do MP para apurar se o prefeito do Rio, Eduardo Paes, teria permitindo à Fiori Empreendimentos "vantagens excessivas e injustificadas". Por meio de sua assessoria, o prefeito informou que não se manifestaria porque não tinha sido citado pela Justiça. Sobre a denúncia de desrespeito ambiental, a Fiori sustenta que "é mera executora do projeto" e nega prejuízo à fauna e flora.

Pontos moeda