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Juiz manda 14 corintianos e 11 palmeirenses a júri por briga com 2 mortos em 2012

Os organizados se atacaram com paus, pedras e barras de ferro e os palmeirenses André Alves Lezo e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira morreram

Redação Folha Vitória

São Paulo - Às vésperas de completar três anos da briga entre torcidas que terminou com a morte de duas pessoas, a Justiça de São Paulo aceitou nesta quarta-feira denúncia e tornou réus 14 integrantes da Gaviões da Fiel e 11 da Mancha Alviverde. O confronto ocorreu em 25 de março de 2012 na Avenida Inajar de Souza, zona norte da capital paulista. Os organizados se atacaram com paus, pedras e barras de ferro e os palmeirenses André Alves Lezo e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira morreram.

Os corintianos vão a júri popular por duplo homicídio qualificado, com motivo torpe (artigo 121 do Código Penal) e formação de quadrilha (artigo 288). A denúncia contra os palmeirenses é apenas por formação de quadrilha.

Entre os denunciados pelo juiz Paulo de Abreu Lorenzino, da 2.ª Vara do Júri do Fórum Regional de Santana, estão Alex Sandro Gomes, nomeado em 12 de fevereiro secretário parlamentar por Andrés Sanchez, deputado federal pelo PT-SP, e Tiago Alves Lezo, irmão de André Lezo, morto no confronto.

Outros membros da torcida organizada palmeirense estiveram presentes no velório e no enterro de André Lezo, em 26 de março de 2012 Foto: Reprodução

Também vão a júri o atual presidente da Gaviões da Fiel, Wagner da Costa, o "B.O.", os ex-presidentes Douglas Deungaro, o "Metaleiro", e Antonio Alan Silva Souza, o "Donizete", além de Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, o "Diguinho", que concorrerá à presidência na eleição marcada para sábado.

O promotor do Juizado Especial Criminal (Jecrim), Paulo Castilho, que tem liderado trabalho para que o combate à violência no futebol seja tratado como política de Estado - estão em discussão medidas para que o Juizado do Torcedor seja estruturado de maneira que passe a atuar de maneira efetiva -, entende a denúncia como um primeiro passo nessa direção.

"Esse desfecho é fruto de um trabalho integrado. A delegada Margareth Barreto (da Decradi, Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) fez um trabalho de investigação que permitiu ao Ministério Público fazer denúncia consistente."

Castilho acrescenta que o juiz Ulisses Pascolatti (do Jecrim) tem boa relação com seu colega Paulo Lorenzino e, como especialista nessas situações de violência entre torcedores, pôde alertá-lo sobre a necessidade de dar uma resposta positiva à sociedade. "Esse é um exemplo de como a integração pode dar bons resultados."

Em seu parecer, o juiz Paulo de Abreu Lorenzino conclui que "os fatos imputados a todos os denunciados são de extrema gravidade, sendo desnecessária qualquer maior fundamentação. Tratou-se de mais um dos diversos e infelizes casos envolvendo briga entre fanáticos torcedores que, ao que se verifica, se interessam mais pela violência pré ou pós-jogos do que pelo esporte".

VINGANÇA - O confronto foi marcado pelas redes sociais e a investigação concluiu que os corintianos passaram a madrugada preparando uma emboscada, com o objetivo de vingar a morte, meses antes, de Douglas Karim da Silva.

Foi pedida a denúncia de 28 torcedores, mas o juiz só aceitou 25. A promotora Cláudia Ferreira MacDowell promete recorrer para que os outros três, entre eles um outro irmão de André Lezo, também sejam julgados.

O juiz Lorenzino também proibiu seis membros da Gaviões e dois da Mancha de frequentar e acessar estádios de futebol no Brasil em dias de jogos de seus times.

Castilho e Pascolatti acertaram com o José Balestiero Filho, comandante do 2.º Batalhão de Choque da Polícia Militar, que os oito terão de apresentar no batalhão e lá ficar durante os jogos, sob o risco de ter a prisão pedida.

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