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Platini pede renúncia de Blatter e Uefa não descarta deixar a Fifa

Pelos cálculos dos europeus, o boicote significaria nesse momento a certeza de que Joseph Blatter teria mais quatro anos como presidente da entidade

Redação Folha Vitória
Foto: Estadão Conteúdo

Zurique - Apesar do esquema de corrupção que invadiu a Fifa nesta quarta-feira, com a prisão de sete de seus membros por corrupção, a eleição para presidente na entidade será mantida nesta sexta-feira. Mas a Uefa alerta que não descarta que uma eventual vitória de Joseph Blatter pode fazer com que a Europa abandone a entidade.

Após reunião de seus membros, entre eles o presidente Michel Platini, a Uefa decidiu pelo não boicote da votação. Pelos cálculos dos europeus, o boicote significaria nesse momento a certeza de que Joseph Blatter teria mais quatro anos como presidente da entidade. O suíço é um dos candidatos no pleito.

Apesar de se manter no Congresso da Fifa e na eleição, o presidente Michel Platini pediu oficialmente a Blatter que ele deixe o futebol. Mas o suíço se recusou. "Basta", disse o francês. "Ele já perdeu. A Fifa já perdeu", insistiu. Platini indicou que Blatter estaria "perturbado".

O dirigente da Uefa não descarta tomar medidas caso Blatter continue como presidente. "Precisamos tomar nossas responsabilidades. Não podemos continuar assim", disse, insinuando que um racha poderia ocorrer no futebol. Um dos cartolas da entidade chegou a declarar que, se Blatter vencer, ele abriria a mão de seu cargo na entidade.

Questionado se a Uefa poderia deixar a Fifa, ele foi direto: "claro". Platini também não descarta que seleções nacionais peçam para não jogar torneios da Fifa, como a Copa do Mundo. "Tudo está sobre a mesa. Mas vamos ver o que dizem as seleções nacionais", declarou. Uma reunião está marcada para ocorrer em Berlim na próxima semana.

"Tenho dor de barriga às vezes. De um lado tem a Fifa e de outro a Uefa, com o futebol", declarou Michel Platini, presidente da Uefa. "É um nojo. Chega. Para a nossa imagem, não é bom", disse.

Segundo ele, uma grande maioria da Europa vai votar no príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein, único opositor de Blatter nesta eleição. "Fazemos o pedido para que todo o mundo faça o mesmo e apoie Ali. Só assim a Fifa pode mudar", declarou. "A reforma que a Fifa deveria fazer foi feita pelo FBI", completou.

PRESSÃO DE LÍDERES POLÍTICOS - A pressão sobre Blatter vem aumentando nas últimas horas. Não apenas dirigentes esportivos como também líderes políticos questionam as eleições desta sexta e o próprio suíço. Entre eles está o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Através do seu porta-voz, Cameron pediu uma "reforma" da Fifa e demonstrou total apoio à Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) em seu voto aberto no opositor Ali Bin Al Hussein.

A entidade inglesa vem sendo uma das mais críticas à gestão de Blatter nos últimos anos, principalmente após ser derrotada na disputa para ser sede da Copa do Mundo de 2018 - a Rússia foi a escolhida. Autoridades inglesas, contudo, afirmam que as atuais críticas não se devem ao resultado daquele pleito. "Acho que é muito cedo para falarmos sobre um novo processo de escolha para esta competição [de 2018]", declarou o secretário britânico de Esportes, John Whittingdale.

Na França, o chanceler Laurent Fabius fez coro com a Uefa ao pedir o adiamento das eleições desta sexta. "Isso parece fazer todo o sentido", afirmou, após as prisões de sete cartolas ligados à Fifa. "Há acusações de corrupção [na Fifa] há anos", criticou. Mais cedo, nesta quinta, a Uefa descartou boicotar o Congresso da Fifa e confirmou presença na eleição.

Da Alemanha, o ministro de relações exteriores Frank-Walter Steinmeier fez um duro ataque à entidade. "Se o futebol quer dar o exemplo, então a transparência é urgente. E se o futebol não consegue fazer sua própria limpeza, então as autoridades nacionais devem fazer o trabalho", afirmou, ao defender a atuação da Justiça dos Estados Unidos e da Suíça na investigação de casos de corrupção na Fifa, na Conmebol e na Concacaf.

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