Esportes

Com obras paralisadas em centro de treinamento, atletas capixabas podem ficar de fora das Olimpíadas

Funcionários do Centro Olímpico do Espírito Santo afirmam estar há três meses sem receber salários. Além disso, faltam profissionais da área de saúde

Obras estão paradas no Centro Olímpico do Estado Foto: TV Vitória

Acabou o sonho de formar atletas capixabas de alto nível. É o que afirmam os funcionários que restaram no Centro Olímpico do Espírito Santo (Coes), em Vitória. Desde o ano passado, o centro enfrenta uma crise financeira. Com isso, as obras estão paradas, funcionários estão há três meses sem receber salário e faltam funcionários para auxiliar na preparação dos atletas.

A situação do Coes foi denunciada em reportagem do jornal Folha de São Paulo, neste domingo (14). De acordo com a publicação, o projeto previa a construção de um ginásio de ginástica, um de lutas e outro de handebol e quadras de vôlei de praia, entre outros. No entanto, até o momento, só foram entregues as arenas de ginástica e lutas. O resto está em obras. Onde seria a piscina olímpica, por exemplo, ainda há um buraco com água parada. Também faltam profissionais de saúde para acompanhar os competidores.

"Para os atletas [a situação] é muito triste, porque o atleta só tem isso. Ele só tem a vontade de participar de uma Olimpíada, de ser um atleta de alto nível. E isso está sendo cortado dele", lamentou o técnico de judô, Ezequiel Paraguassu, em entrevista à TV Vitória/Record.

Segundo os funcionários do local, apesar de a crise acontecer desde o ano passado, ela só veio à tona em março deste ano. Em emtrevista coletiva, o ex-diretor do Coes reclamou da Secretaria Estadual de Esportes e Lazer (Sesport) extinguir o cargo dele e de outros quatro diretores. Essas demissões, o atraso nas obras e a falta de pagamentos dos funcionários têm a mesma causa: falta de dinheiro. O clima é de pessimismo.

"Faltando um ano para as Olimpíadas, vem essa bomba na nossa cabeça. Você imagina um atleta de alto rendimento que fica três meses sem médico cardiologista, ortopedista, nutricionista para fazer o controle do peso. Os atletas ficam sozinhos nessa", ressaltou o preparador físico de Taekwondo, Fábio Casagrande.

O Coes é fruto de uma parceria do Governo do Estado, por meio da Sesport, com o Ministério do Esporte. Em nota, o Ministério diz que mandou R$ 6,78 milhões para o Espírito Santo, mais da metade do previsto no contrato, que é de R$ 12,9 milhões. O restante do dinheiro depende da prestação de contas.

A Secretaria de Esportes entregou a administração do Coes para uma Organização Social de Interesse Público (Oscip), chamada Ideas, responsável por fazer os pagamentos. A Oscip diz que não paga porque não recebeu dinheiro da Sesport. Já a secretaria diz que não repassou a verba porque há irregularidades no contrato. Inclusive não houve prestação de contas. Para os funcionários é um jogo de empurra. "É uma briga deles e quem se prejudica são os atletas", lamentou Fábio Casagrande.

Fundado em 2012, o Centro Olímpico tinha como objetivo descobrir e formar novos atletas capixabas, além de treinar competidores de alto rendimento. Nos últimos dois anos, os atletas do Espírito Santo conquistaram 1,2 mil medalhas em competições nacionais e internacionais. No entanto, há menos de 400 dias para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, os funcionários dizem que acabou o sonho de os atletas capixabas chegarem na disputa em condições de competir de igual para igual com os atletas de ponta.

"Eu já perdi as esperanças. Acredito que antes de outubro, que é a data do nosso contrato, seja encerrado o Centro Olímpico", disse o auxiliar técnico de judô, Gabriel Vicentini.

A Sesport reafirmou que foram encontradas irregularidades na parceria com o Ideas e que, por isso, o Estado está juridicamente impossibilitado de repassar recursos ao instituto. Já o Ideas informou que o governo atual aponta problemas que já haviam sido alertados há mais de um ano, mas que não dependem apenas da entidade para solução. O instituto informou também que entrou com um mandado de segurança na Justiça contra o Governo do Estado.

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