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Em crise, WTorre nega intenção de vender novo estádio do Palmeiras

Algumas empresas foram contratadas para fazerem serviços na arena e uma boa parte delas ainda não recebeu. Uma delas pediu a falência da construtora por uma dívida de R$ 500 mil

Redação Folha Vitória
Em grave crise financeira, a WTorre luta para conseguir pagar dívidas e não precisar vender o Allianz Parque Foto: Divulgação

São Paulo - Em uma grave crise financeira, a WTorre luta para conseguir pagar suas dívidas e não precisar vender o Allianz Parque. A construtora, responsável pelo estádio do Palmeiras, não tem conseguido honrar seus compromissos e um pedido de falência e as investigações da Operação Lava Jato, mesmo que a empresa não seja um dos alvos da investigação de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, atrapalham bastante a construtora na busca por melhorar sua saúde financeira.

A falta de dinheiro faz com que a construtora atrase a entrega de muitos projetos que estavam previstos para ficarem prontos há muito tempo. Algumas empresas foram contratadas para fazerem serviços na arena e uma boa parte delas ainda não recebeu ou tem pagamentos em atraso. Uma delas, a Tejofran, responsável pela retirada de entulhos do estádio, pediu a falência da construtora por causa de uma dívida de pouco mais de R$ 500 mil.

Esse pedido fez com que outras empresas que iriam investir na arena se afastassem, com o temor de que a WTorre acabe falindo. Além disso, a investigação da Operação Lava Jato também é algo que atrapalha, embora a construtora não tenha seu nome ligado ao caso. "Você acha que alguém vai investir ou fazer uma parceria com uma construtora, mesmo ela não tendo ainda sido chamada na Lava Jato, mas que tem um pedido de falência"?, questionou uma fonte ouvida pela reportagem.

Para amenizar o prejuízo, a construtora tem vendido sua parte em diversos outros investimentos como o Shopping JK Iguatemi e parte das ações da BR Properties, empresa especializada em investimento de imóveis. Apesar disso, a arena tem dado lucro, mas uma boa parte do dinheiro tem sido usado para pagar dívidas atrasadas e, consequentemente, algumas obras no estádio estão paradas.

O local destinado à imprensa escrita no estádio, por exemplo, é inexistente e sequer existe um prazo para que o local seja construído. Assim como restaurantes e diversos outros comércios previstos para serem erguidos no estádio, estão bastante atrasados e a maioria sequer tem um prazo determinado para ficar pronto. A lanchonete do Burguer King, que teve acordo assinado em 2012, só foi entregue no começo deste mês.

A AEG, responsável por gerenciar e contratar os eventos para o estádio, acompanha tudo de perto e admite preocupação. Ela também tem pagamentos para serem quitados, cerca de R$ 2 milhões - a empresa, através de sua assessoria de imprensa, avisou que não vai se manifestar sobre o assunto. A situação financeira da WTorre é tão delicada que até a MVL, empresa contratada para prestar serviços de assessoria de imprensa da arena, teve o contrato rescindido após vários meses de atraso.

Como o estádio é uma das principais fontes de renda da construtora, a WTorre não demonstra interesse, no momento, em vender o estádio do Palmeiras. E mesmo se quisesse se desfazer da arena, teria dificuldades, já que possíveis interessadas estão receosas em fazer um grande investimento, por causa da situação econômica do País.

A Crefisa, empresa patrocinadora do Palmeiras, é uma das que sonham fazer uma proposta para assumir o comando do estádio, mas vê a chance como algo impossível no momento. Enquanto isso, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, tenta unir um grupo de investidores para conseguir arrecadar uma grande quantia financeira e tentar fazer uma oferta para comprar a arena, algo que também está em um estado bastante inicial.

Enquanto isso, continua a disputa na arbitragem para definir alguns pontos discordantes do contrato da arena. O principal ponto é em relação a venda das cadeiras do estádio. A WTorre julga que tem o direito de comercializar todos os assentos, passando uma porcentagem ao Palmeiras. O clube, por sua vez, alega que só 10 mil lugares são da empresa e o restante pertence ao clube.

A WTorre se manifestou através de uma nota oficial e assegurou que não existe a possibilidade de vender o estádio, embora admite que vive uma condição financeira delicada. "O Grupo WTorre esclarece que não recebeu qualquer proposta, não foi procurado e não contatou nenhuma entidade do mercado financeiro para a venda de sua arena multiuso", afirmou a empresa.

"Em que pese um ambiente macroeconômico deteriorado, a escassez de crédito que limita o desenvolvimento e a expansão dos negócios no País, enfatizamos que não temos nenhuma intenção de nos desfazermos de um ativo no qual investimos mais do que R$ 670 milhões. Investimos tempo e investimos nossos melhores recursos humanos", reforçou a construtora.

A WTorre reitera que está satisfeita com o andamento das operações no novo estádio palmeirense. "Em menos de um ano de operação, a arena recebeu mais de 1 milhão de pessoas, em shows, jogos de futebol e eventos corporativos, o que só reforça nossa convicção de que o trabalho que vem sendo desenvolvido está no caminho correto."

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