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Acordo exclui seleção brasileira feminina de ciclismo de Mundial

Redação Folha Vitória

São Paulo - A seleção feminina de ciclismo não está participando do Mundial da modalidade, categoria Estrada, que está sendo disputado em Richmond, nos EUA, para se preparar para o Mundial Militar, em outubro, na Coreia do Sul. A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) decidiu abrir mão da principal competição do ano para as mulheres em detrimento de um torneio que não vale pontos para a corrida olímpica, graças a um acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira).

"No início da temporada, havíamos fechado um acordo com a FAB, onde concentra-se praticamente todas as ciclistas da seleção feminina, firmando o objetivo principal de disputar o Mundial das Forças Armadas", explicou Ana Claudia Stipanich, representante do departamento de alto rendimento.

O Mundial de Ciclismo de Estrada não classifica diretamente para os Jogos do Rio, mas conta pontos para o ranking. O Brasil foi para Richmond com sete atletas no masculino: Antonio Prestes Garnero, Kleber Ramos e Murilo Fischer (Elite), Caio Godoy (Sub-23), e Marcio Jose Pessoa, Pedro Martins e Vitor Schizzi (Júnior). Eles tentarão ampliar as duas vagas já garantidas para a Olimpíada. No feminino, são outras duas vagas confirmadas, e caso o País ficasse até o 13.º lugar no ranking mundial, poderia levar mais uma atleta (se ficar entre os cinco melhores, poderia chegar a quatro ciclistas no total).

"Como o Mundial principal constava como uma segunda opção, e tendo em vista esse compromisso das principais atletas com a FAB poucos dias depois, ficou definido que o objetivo planejado no início da temporada seria mantido e as atletas fariam apenas o Mundial Militar, que estará auxiliando a FAB a alcançar os melhores resultados possíveis, sendo a primeira vez que o ciclismo participa em eventos militares mundiais", disse Ana Claudia.

Ela argumenta ainda que as chances da seleção feminina eram bem remotas. "A temporada da seleção feminina foi planejada com o principal objetivo de conquistar o maior número de pontos possíveis para a classificação olímpica. O calendário contava com provas como o Tour de San Luis, na Argentina, o Campeonato Pan-Americano, no México, e os Jogos Pan-Americanos, em Toronto, mas deixava em segundo plano o Mundial, tendo em vista que o histórico brasileiro nas últimas edições da competição não foi suficiente para somar pontos no ranking internacional."

Com a decisão, atletas como Clemilda Fernandes, Janildes Fernandes, Flávia Oliveira e Ana Paula Polegatch não puderam ir para o Mundial. "A decisão foi tomada em conjunto com os atletas, já que os Jogos Mundiais Militares é a competição mais importante para um esportista militar. Durante esta semana, a equipe brasileira de ciclismo militar se concentra em Guaratinguetá (SP) para aulas de estratégia de equipe, inglês e adaptação ao fuso horário da Coreia do Sul", declarou a FAB em nota.

Apesar de resultados não muito animadores nos outros anos no Mundial, Flávia Oliveira tem sido o destaque brasileiro no ciclismo de estrada na temporada. Ela conquistou o sétimo lugar no Giro da Itália deste ano e foi a campeã de montanha na competição. Nos dois últimos Mundiais, ela teve bons resultados, ficando sempre entre as 25 mais bem colocadas.

Apesar da decisão de priorizar o Mundial Militar em detrimento da competição em Richmond, a CBC garante que tem como meta ampliar o número de mulheres no Rio. "A confederação vai organizar três grandes eventos do ranking UCI (União Ciclística Internacional) em novembro no Brasil, mantendo sempre o foco na classificação para os Jogos do Rio, em 2016", comentou Ana Claudia.

As ciclistas farão parte de um grupo de 286 atletas que vão representar o País nos 6.º Jogos Mundiais Militares. No Pan de Toronto, por exemplo, também houve uma polêmica quando os esportistas que recebem dinheiro das Forças Armadas passaram a fazer o gesto de continência no pódio. O caso ganhou grande repercussão.

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