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Procuradoria alemã examina escolha da sede da Copa de 2006

Redação Folha Vitória

Genebra - A Alemanha examina a possibilidade de abrir uma investigação para determinar se a escolha do país para sediar a Copa do Mundo de 2006 foi comprada. Nesta segunda-feira, o Ministério Público de Frankfurt anunciou que estava iniciando a análise. Segundo a procuradora Nadja Niesen, esse processo vai estabelecer se existe base para uma investigação e que o exame se refere à possibilidade de fraude, corrupção ou quebra de confiança.

"Estamos examinando os documentos existentes", disse a procuradora. "Mas ainda estamos no início do processo e ainda não abrimos investigações formais. Isso poderá ocorrer se conseguirmos confirmar que há uma suspeita inicial", explicou.

Na semana passada, a revista alemão Der Spiegel revelou como a Alemanha teria comprado os votos para poder sediar a Copa de 2006 e como um "Caixa 2" foi criado pelo Comitê de Candidatura com dinheiro da Adidas para distribuir dinheiro aos executivos da Fifa que votariam na definição do palco do Mundial. A Fifa também anunciou a abertura de uma investigação, ainda que os dirigentes alemães neguem a informação.

"São alegações muito sérias", declarou a Fifa, que vive um caos diante da ausência de um presidente, de seu secretário-geral e com patrocinadores em guerra. "Essas alegações serão avaliadas como parte de uma investigação interna e independente que está sendo conduzida pela Fifa", disse a organização, atolada em crises.

Desde a eclosão da crise na Fifa em maio, as Copas de 1994, 1998, 2002, 2010, 2018 e 2022 estão sob suspeita. O FBI indicou em seu indiciamento de diversos cartolas como votos foram comprados para sediar o maior evento do futebol. Na Suíça, o Ministério Público também investiga os casos, principalmente a eleição realizada em 2010 e que escolheu a Rússia e o Catar para receber os dois próximos Mundiais.

Agora, a suspeita é de que uma conta paralela com cerca de US$ 10 milhões foi estabelecida e alimentada por Robert Louis-Dreyfus, o ex-CEO da Adidas. Os recursos teriam sido usados para comprar quatro votos da Ásia, entre os 24 eleitores da Fifa. Em 2000, a eleição terminou com 12 votos para a Alemanha, contra 11 para a África do Sul. Na ocasião, a abstenção do cartola da Nova Zelândia, Charles Dempsey, criou uma ampla polêmica, já que garantiu a vitória dos europeus.

Em uma compensação diante da frustração dos africanos, Joseph Blatter reviu as regras e adotou a rotação entre continentes a partir da Copa de 2010 para facilitar a vitória dos sul-africanos. Segundo a revista, tanto Franz Beckenbauer, presidente do comitê de candidatura, como o atual presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Wolfgang Niersbach, conheciam o esquema. O cartola que hoje dirige o futebol tetracampeão declarou há poucos meses que não saberia dizer se, em 2000, a Alemanha teria tido votos suficientes para ter levado a Copa.

A suspeita apareceu quando 6,7 milhões de euros foram transferidos para uma conta da Fifa em Genebra, antes de seguir para a conta do empresário Robert Louis-Dreyfus. Oficialmente, os recursos iriam para "eventos culturais". Mas essas atividades foram canceladas, sem explicações.

Na Fifa, a entidade garante que seu Comitê de Auditoria já avalia as denúncias. Uma das pessoas que teria recebido dinheiro seria Chung Mong-Joon, o sul-coreano acionista da Hyundai e que tentava se apresentar para as eleições na Fifa. Ele, porém, foi punido com seis anos de suspensão do futebol na semana passada. Aos jornalistas alemães, Chung se recusou a comentar o assunto.

Segundo a DFB, uma auditoria já foi realizada e não encontrou irregularidades na vitória da Alemanha para sediar o evento. "Não existem evidências de que os votos foram obtidos de forma ilegal", disse a entidade em um comunicado.

Mas a própria DFB admitiu que sabe da suspeita sobre os 6,7 milhões de euros, dinheiro que entrou nas contas da Fifa em abril de 2005. "Esse pagamento não tem qualquer relação com o voto da Copa, que ocorreu cinco anos antes", disse.

Os alemães também admitem que o valor sob suspeita pode "não ter sido usado para a finalidade que deveria ter tido". A entidade chega a apontar que está examinando os pagamento e considerando eventualmente pedir o dinheiro de volta.

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