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Sob desconfiança da torcida, Brasil quer 'dar e receber' carinho em Fortaleza

A pressão é grande, e isso levou nesta segunda-feira o lateral Daniel Alves a fazer um pedido aos torcedores: não façam a seleção "pagar o pato" pelo restante dos problemas do país

Redação Folha Vitória
Ex-jogador Cafu faz parte da delegação que está com a seleção brasileira Foto: Divulgação/Rafael Ribeiro/CBF

Fortaleza - O técnico Dunga costuma dizer que o Brasil tem sempre a obrigação de vencer. Tal raciocínio é mais do que verdade na partida desta terça-feira, às 22 horas, contra a Venezuela, no Castelão, em Fortaleza.

A seleção está devendo depois da derrota para o Chile, último de seus tropeços importantes recentes. A pressão é grande, e isso levou nesta segunda-feira o lateral Daniel Alves a fazer um pedido aos torcedores: não façam a seleção "pagar o pato" pelo restante dos problemas do País.

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O experiente jogador admite que a seleção está decepcionando. Mas considera que o torcedor está "misturando as estações" e, por isso, cobranças e críticas estão sendo excessivas. "Se eu puder pedir alguma coisa ao torcedor, é para a seleção não pagar o pato do Brasil", disse o jogador, em Fortaleza. "A seleção está pagando pela revolta do brasileiro com outras coisas."

Para Daniel Alves, como o futebol está no coração do torcedor, acaba sendo usado como uma espécie de panaceia para os males do cotidiano - como a corrupção e a violência. Aí, quando os resultados não aparecem, a cobrança é geral. E desmedida.

Mesmo porque há um outro complicador: o fato de a maioria dos jogadores da seleção atuar fora do País, alguns há muito tempo. Isso cria a percepção de que esses atletas não estão "nem aí" para a equipe e provoca distanciamento.

O lateral também admite a existência desse distanciamento. Mas rebate a falta de interesse. "A circunstância impede que você consiga fazer uma grande carreira no Brasil. Eu quero deixar claro que, apesar de jogar fora, sou tão brasileiro como os outros. Pode ser que exista um distanciamento, mas somos empurrados a isso." Ele garantiu sentir muito orgulho em vestir a camisa da seleção.

A desconfiança em relação à seleção ganhou força impressionante com a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo e até agora, mais de um ano depois, não diminuiu. Ao contrário, até cresceu com o fracasso da Copa América e da derrota da semana passada para o Chile. "A gente sabe que há uma desconfiança com a seleção, com os jogadores que aqui estão, mas mais do que ninguém, mais do que qualquer outro brasileiro, a gente quer reverter isso", garantiu Daniel Alves.

O técnico Dunga concorda que os efeitos do 7 a 1 incomodam. Mas entende que os jogadores devem saber conviver com esse fantasma. "Eu digo para eles que essa conta não é nossa, mas, já que a gente está aqui, temos de pagar. E quando os resultados não veem é normal que tenha essa cobrança."

Dunga, no entanto, diz saber o que é preciso para que a seleção comece a recuperar o prestígio a partir desta noite. "Primeiro de tudo, temos de fazer um bom jogo para nós mesmos. Mostrar aquilo que somos capazes." A fórmula para isso, porém, ele admite que ainda não encontrou. "Eu e minha comissão técnica não dormimos muito bem", afirmou. "Se nós queremos carinho da torcida, também sabemos que eles querem receber carinho da nossa parte. Um bom futebol, uma vitória, para que tenham alegria, possam sorrir."

Time alterado

Na última partida da seleção sem o suspenso Neymar nas Eliminatórias, Dunga deverá fazer alterações no time para deixá-lo mais agressivo contra a Venezuela. Apesar de ele não confirmar, são boas as chances de Filipe Luis e Lucas Lima começarem a partida.

O lateral-esquerdo é mais marcador do que Marcelo, titular contra o Chile, mas libera Elias para chegar mais à frente. O santista deixará o time mais veloz e objetivo, embora Oscar não possa ser descartado.

"Nós temos de buscar as melhores opções, mudar um pouco taticamente, depende do que poderemos introduzir. Vamos ver jogadores que estão em melhor condição física e temos de buscar alternativas", disse Dunga, nesta segunda-feira. Em seguida, acrescentou: "Não significa que vamos mudar em todo jogo, porque já temos problemas de entrosamento. Se mudar toda hora, tira a confiança do jogador".

Lucas Moura, do Paris Saint-Germain, parece ser opção de Dunga para o decorrer do jogo, caso precise de um jogador hábil e veloz pelo lado direito.

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