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Renato Augusto admite temor de ser esquecido: 'Deu medo de não ser convocado'

Redação Folha Vitória

São Paulo - O meia Renato Augusto ficou aliviado quando ouviu seu nome na convocação de Dunga para os jogos das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2018 contra Uruguai e Paraguai. Mas por que o treinador da seleção não chamaria aquele que foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro? Renato Augusto trocou o Corinthians por um novo e nem tão competitivo mercado: a China.

"Claro que deu aquele medo (de não ser convocado). Foi uma emoção diferente, por tudo que falaram", disse Renato Augusto, em entrevista exclusiva ao Estadão.com antes de sua estreia no Campeonato Chinês pelo Beijing Guoan. Foi sua primeira partida oficial desde o hexacampeonato brasileiro conquistado pelo Corinthians em novembro. A seguir confira os principais trechos da entrevista.

Quando decidiu aceitar a proposta de um time chinês, você temeu perder lugar na seleção brasileira?

Claro que quando chega a proposta você pensa em tudo, você pensa no lado da sua família, no lado da seleção. Não foi uma decisão fácil, mas acho que fiz a melhor escolha para minha vida e agora vou tentar me manter na seleção fazendo um trabalho especial, treinando um pouco mais que os outros, como eu já fazia no Corinthians, algo específico, para que eu esteja bem fisicamente e possa jogar em alto nível quando for para a seleção.

Como foi a sensação de ser convocado depois que você já havia acertado a transferência para a China?

Olha, foi uma emoção um pouco diferente por tudo que falaram e falam ainda. Claro que deu aquele medo (de não ser convocado).

Você acredita que é possível manter um alto nível técnico jogando na China?Pelo nível das contratações, e eles já estão atrás de mais jogadores para o meio do ano, o nível do campeonato vai aumentar e haverá maior divulgação. Acho que se você estiver bem fisicamente, as coisas acabam acontecendo.

Acha que pode brigar para ser titular da seleção?

Estou me preparando para estar bem, ainda faço um jogo antes de ir (empatou fora de casa por 0 a 0 com o Tianjin Teda), mas vínhamos fazendo amistosos. Isso ajuda, mas é claro que o ritmo natural de jogo não é o mesmo, mas acho que posso responder à altura.

Como tem sido sua rotina em Pequim?

Agora as coisas já estão em ritmo normal, já estou em um apartamento, bem próximo ao estádio, que é onde a gente treina, tudo vai ficando mais fácil. Não é mais aquela vida de hotel pra cá, hotel pra lá. É uma cidade muito boa, então é um lugar bom pra se morar.

O que tem sido mais difícil nesse processo de adaptação?

Em termos de adaptação, a cidade é fácil. O idioma é o que é o grande problema e os costumes também, porque é uma cultura totalmente diferente. Em Pequim você tem tudo, restaurante brasileiro, italiano, espanhol, comida boa, não é só aquilo que as pessoas falam: ah, come barata...tem uma feira que vende isso, mas aí acho que vai mais turista que realmente o chinês. No clube, eles preparam uma comida diferente para quem é estrangeiro e tentam ajudar nesse ponto.

Qual a visão que os chineses têm dos jogadores brasileiros?

Eles querem que o jogador brasileiro faça algo diferente, o que é normal. Quando eu cheguei na Alemanha, eles também queriam que eu fizesse algo diferente, que eu decidisse jogo, uma responsabilidade maior. Aqui temos um treinador italiano (Alberto Zaccheroni), comissão técnica italiana e estamos treinando bastante. O nível do futebol está crescendo.

Você acredita que na próxima janela de transferências os clubes voltarão a contratar jogadores brasileiros?

Acho que a próxima janela haverá mais contratações, porque os jogadores que estão na Europa estarão de férias, então é mais fácil para contratar. Acredito que realmente essa janela do meio do ano possa vir ainda mais jogadores, não só brasileiros, europeus, sul-americanos, a gente espera que possam vir para Liga ficar mais forte.

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