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À espera de Dunga, Del Nero terá de decidir sobre seleção olímpica até quarta

Redação Folha Vitória

Boston - O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, define nesta terça-feira se faz ou não mudanças no comando da seleção brasileira. Se optar por demitir o técnico Dunga - o que é sua vontade -, o coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, tem grandes possibilidades de sair junto. Tite, técnico do Corinthians, é o mais forte candidato, mas há especulações em torno de Jorginho, do Vasco. O dirigente ainda resiste a ideia de um treinador estrangeiro.

A Copa América Centenário era a última oportunidade para Dunga convencer o presidente da CBF de que poderia continuar na seleção - os vice-presidentes, incluindo o coronel Antonio Nunes, que esteve nos Estados Unidos como chefe da delegação, querem a saída - os diretores mais próximos ao presidente, embora publicamente prefiram se omitir, também não o querem mais. O treinador não convenceu.

Por sua vontade, Del Nero já demite Dunga e talvez Gilmar na reunião desta tarde, na sede da CBF. No entanto, a tomada de decisão do dirigente passa por algumas vertentes.

Sua preocupação mais imediata, até por questão de prazo, é com a seleção olímpica. Os Jogos do Rio estão batendo à porta, a equipe estreia em 4 de agosto e o plano de preparação já foi traçado. Os 18 convocados se reúnem no dia 18 de julho na Granja Comary, em Teresópolis, para um período de treinamento. No final do mês, a seleção vai para Goiânia, faz amistoso contra o Japão e depois se desloca para Brasília, local das duas primeiras partidas.

Mas quem será o treinador da seleção olímpica? Del Nero já decidiu que não quer que seja o mesmo da seleção principal. Atualmente, Dunga exerce essas duas funções, embora na prática quem treina o time olímpico seja Rogério Micale. Dunga interfere nas convocações, dá instruções sobre o que deve ser feito nos treinos e jogos, mas quem fica com os jogadores é Micale.

O problema é que a CBF tem prazo até esta quarta-feira para enviar ao Comitê Olímpico Internacional uma relação com 35 jogadores - da qual sairão os 18 convocados para os Jogos e 4 eventuais substitutos - e 12 integrantes da comissão técnica, treinador e auxiliar incluídos, evidentemente. E, pelo que a CBF recebeu de informação, uma vez definido o membro da comissão técnica ele não pode ser substituído.

Assim, Del Nero trabalha com dois cenários. Um deles é inscrever nesta quarta-feira Dunga e Rogério Micale. Com isso, ganharia tempo para decidir sobre a seleção principal. E, se depois disso viesse a demitir Dunga, Micale assumiria a olímpica de forma oficial.

Mas como já está determinado a não utilizar o mesmo treinador na seleção olímpica e na principal, o presidente da CBF tem estuda a alternativa de tirar já Dunga do jogo, colocando outro treinador em seu lugar. Ou melhor, outros, um para cada seleção.

O problema aí estaria em encontrar rapidamente um treinador para a olímpica. Falcão foi um nome citado na CBF. No início do ano falou-se em Levir Culpi e Dorival Junior foi sondado.

Se optar por essa alternativa, Del Nero terá de se livrar de Dunga ainda nesta terça-feira e anunciar até a quarta o nome do treinador da seleção olímpica. E seria ele quem divulgaria a relação dos convocados para a Olimpíada no próximo dia 29. Micale permaneceria como auxiliar, a não ser que não quisesse.

Aí vem o problema da equipe principal. O Brasil tem mais seis jogos este ano pelas Eliminatórias, a começar por setembro - dia 2 contra o Equador, em Quito, e dia 6 contra a Colômbia, em Manaus. Del Nero exige que a seleção feche 2015 pelo menos na zona de classificação direta para a Copa de 2018, na Rússia, ou seja até o quarto lugar.

Como a convocação, até por envolver atletas que atuam fora do País, precisa ser feita com semanas de antecedência, o tempo para resolver quem será o novo treinador é curto. Ainda assim é confortável, desde que a definição ocorra no máximo até o início de julho.

O escolhido, dessa maneira, teria tempo de montar sua comissão técnica, passar a despachar diretamente na sede da CBF - como exige Del Nero - e teria pelo menos cinco semanas até fazer, no início de agosto, sua primeira convocação.

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