Esportes

Volta da Ilha de Vitória: Folha Vitória acompanha treino da equipe do Saldanha da Gama

Como parte do treinamento para o campeonato estadual, dois jovens praticantes do double skiff executaram a difícil missão. Mas o belíssimo percurso compensou as dificuldades

Atletlas do double skiff do Saldanha da Gama Foto: Gustavo Fernando

Visando a próxima etapa do campeonato estadual de remo, a equipe do Saldanha treina para conseguir alcançar um objetivo histórico para o centenário clube: ser decacampeão estadual de forma consecutiva. E a rotina de treinos não é nada fácil. Ainda era de madrugada – cerca de 4h30 da manha –, e os atletas já estavam com os barcos na Baía de Vitória. Mesmo o remo sendo um esporte amador no Espírito Santo, e com todas as dificuldades financeiras encontradas pelo clube, ainda assim, não faltam motivações para a equipe na disputa do título.

A reportagem do Folha Vitória foi acompanhar um dia de treinamento desses atletas. A maior parte da equipe é formada por jovens, mas todos com um sonho em comum: serem reconhecidos dentro do esporte e contribuir com os objetivos do clube.

Passagem pela região de manguezal  Foto: Gustavo Fernando

Volta da Ilha

Surpreendentemente, foram dois jovens praticantes do double skiff, incentivados pelo experiente técnico Wilson Catatau, 53, que resolveram encarar a árdua tarefa: realizar a volta em torno da Ilha de Vitória.  

O Saldanha da Gama fica na Beira-Mar e foi de lá que seguiram dois barcos. O primeiro com a equipe de remo, e o segundo, uma lancha com o técnico, um auxiliar e nossa equipe. O dia nem havia nascido quando os jovens iniciaram o seu percurso. Passaram pelo Porto de Vitória, pelo tradicional Centro da Capital e pela Ponte Florentino Ávidos, também conhecida como Cinco Pontes. 

Seguindo o percurso, surge a Segunda Ponte, importante ligação da Capital com os municípios de Cariacica e Vila Velha. E a sensação de passar por baixo da estrutura é realmente impressionante. Nesse momento, já são perceptíveis as mudanças na paisagem. Os prédios comerciais do Centro vão ficando para trás, e os bairros de Santo Antônio, Ilha das Caeiras e os manguezais vão dominando o visual. Assim como as pequenas embarcações com pescadores locais, que sobrevivem da pesca na região.

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Visual

Vitória revela toda a sua beleza Foto: Gustavo Fernando

Ao fundo da paisagem, enquanto os manguezais vão se tornando parte principal do percurso, surge de forma monumental o Morro do Mestre Álvaro. Dessa forma, surge uma Vitória que poucos conhecem. Ainda secreta, intocável e dona de um vista estonteante.

O grupo segue passando pela Ilha do Lameirão – estação ecológica constituída de manguezal e berço de inúmeras espécies marinhas –, Ufes e Ponte da Passagem. 

Impressiona a dedicação dos atletas em dar continuidade ao trajeto. João Vitor, 14, e Iago Rodrigues,15, que nunca antes haviam realizado a travessia, só pararam duas vezes para reidratação.

Apesar do aparente cansaço, a motivação é imprescindível para continuarem o percurso. E logo se percebe outra significativa mudança na paisagem: os mangues rapidamente vão sendo substituídos por casas e apartamentos que compõem o Canal de Camburi. 

Prosseguindo na rota, o "passeio" atravessa mais três importantes obras arquitetônicas da capital: a Ponte da Passagem, a Ponte Ayrton Senna e a Ponte de Camburi. Chegando assim ao Píer de Iemanjá, e finalmente ao mar aberto, o trecho mais arriscado da travessia.

Apesar do cansaço, a beleza do visual é uma ótima motivação Foto: Gustavo Fernando

Tensão

Chegando ao mar de Vitória, os atletas passam pela Praia de Camburi e continuam rumo a Ilha do Frade e Ilha do Boi, um dos trechos de maior beleza da capital.

E mais uma uma ponte no caminho. Para muitos ela é conhecida como a ligação entre Praia do Canto e Ilha do Frade, mas oficialmente é denominada Ponte Desembargador Paes Barreto.

A divergência entre as águas turvas da baía de Vitória e da região do Manguezal é nitidamente comprovada pelo esverdeado mar da região. Sem falar no sedutor visual, que cativa vários praticantes de esportes aquáticos: pesca, stand up, veleiros e canoas havaianas.

O momento de maior tensão foi à passagem entre a Ilha do Boi e algumas ilhas  da região. O mar estava agitado e as ondas eram assustadoramente grandes. Imediatamente, o técnico abortou a missão de enfrentar o trecho e resolveu contornar as duas pequenas ilhas do local.

Desse momento em diante, apesar do mar ainda agitado, a visão da Terceira Ponte deixou tudo mais tranqüilo. E foi assim que o trajeto seguiu sob a ponte, e por uma das extensões mais imponentes de Vitória. De lá é possível ver o Convento da Penha, as praias da região e a passagem de um dos gigantescos navios que circulam rumo ao Porto de Vitória.

Apesar do cansaço dos atletas, após três horas remando, e uma jornada que começou as 4h30 da madrugada, a travessia chegou ao fim na baía de Vitória, mas especificamente no Clube Álvares Cabral, o maior rival do Saldanha da Gama e concorrente direto na disputa do campeonato estadual. 

João Vitor e Iago Rodrigues completaram a Volta da Ilha de Vitória Foto: Gustavo Fernando

Inspiração

A travessia propiciou a descoberta de locais que poucos capixabas conhecem, e um novo olhar sobre regiões já conhecidas: a baía de Vitória, a edificação do Forte São João, o Porto da Capital, a região de mangue, o trecho do Canal de Camburi, as praias e principalmente, a possibilidade de passar sob todas as pontes que ligam Vitória ao continente.

Para os atletas, essa travessia foi uma motivação a mais, pois além de realizarem um treinamento de resistência, puderam se deslumbrar com todo o visual. E quem sabe, todo o exaustivo treinamento possa contribuir para que a equipe alcance a vitória e assim, auxilie o Saldanha da Gama na conquista do sonhado decacampeonato estadual. 

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