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Responsável por 1ª tacada olímpica, brasileiro quer tornar golfe mais conhecido

Redação Folha Vitória

Rio -

O brasileiro Adilson da Silva terá a honra de, nesta quinta-feira, dar a tacada que vai abrir a competição masculina de golfe do Rio-2016, no Campo Olímpico localizado na Barra da Tijuca. Será um momento histórico, pois vai marcar a volta do esporte aos Jogos Olímpicos após 112 anos de ausência - antes, só esteve presente em Paris (1900) e Saint Louis (1904). “E também será uma ótima oportunidade para tornar o golfe mais conhecido no Brasil”, acredita o atleta de 44 anos que, na oportunidade, vai homenagear um grande amigo e principal incentivador: Andrew Robert Edmondson, empresário inglês fixado no Zimbábue, que o ajudou a começar no esporte.

A presença de Andy, como é conhecido, no campo de golfe vai criar uma cena inusitada - o milionário terá a mesma função habitualmente executada por jovens de baixa renda, ou seja, será um caddie, como é chamado o carregador de tacos dos atletas. “Acho que a bolsa deve pesar uns 30 quilos, dependendo da quantidade de tacos escolhidos por Adilson”, brinca ele, que teve o brasileiro como caddie quando jogava golfe nas viagens ao Brasil. “Essa inversão de papéis me orgulha muito”, conta Andy. De tanto vir ao País, ele sai-se bem no português.

Os dois se conheceram em 1991, em Santa Cruz do Sul (RS), onde Adilson nasceu. Andy já trabalhava no ramo da produção de fumo e constantemente viajava à cidade gaúcha, onde encontrava produto de qualidade. Filho de um carpinteiro e uma faxineira, Adilson completava a renda da casa trabalhando como caddie no clube de golfe de Santa Cruz, frequentado por Andy. Sem adversário, o milionário convidava Adilson para jogar e logo percebeu um rastro de talento no garoto que deu suas primeiras tacadas com galhos de árvores improvisados.

“Adilson batia bem na bola, bem demais para quem não estava acostumado a jogar”, conta o empresário, que ofereceu uma bolsa ao brasileiro para iniciar carreira no Zimbábue. O gaúcho estava com 17 anos e, com o consentimento da família, aceitou viver a experiência. “Lá, comecei como amador e tive mais condições porque há investimento no golfe”, explica Adilson, que trabalhou como garçom enquanto treinava. Ele ficou no Zimbábue até 1994, quando se transferiu para a África do Sul, onde se profissionalizou e decidiu viver.

Em 22 anos de carreira, já ganhou mais de 30 torneios. Em 2012, tornou-se o sexto brasileiro da história a chegar às finais de um torneio do Grand Slam do golfe. Hoje, mora com a mulher e um filho em Durban, cidade costeira famosa pelas ondas propícias para a prática do surfe. O longo tempo fora se reflete em um leve sotaque de quem fala mais em inglês, e na troca de algumas palavras.

Adílson não vai enfrentar os grandes nomes atuais, que decidiram não vir ao Brasil sob a alegação de temor ao vírus da zika - caso do australiano Jason Day (1.º do ranking) e dos americanos Dustin Johnson (2.º) e Jordan Spieth (3.º). “No futuro, eles não serão lembrados, mas sim quem faturou medalhas”, alfinetou o brasileiro.

Seus grandes rivais serão o sueco Henrik Stenson, número 5 do mundo e mais bem ranqueado do torneio, e o espanhol Sergio Garcia. A disputa feminina será entre 17 e 20 de agosto e o Brasil será representado por Victoria Lovelady e Miriam Nagl.

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