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Seleção feminina de handebol encara Angola e sua 'grande' goleira nesta sexta

Adversárias, que surpreenderam o público nas rodadas iniciais, se destacam pelo potencial físico. A capixaba Alexandra Nascimento estará em quadra às 9h30

Redação Folha Vitória
Capixaba Alexandra Nascimento "Alê" Foto: Reprodução Facebook

RioA Seleção Feminina de Handebol parte para o quarto desafio da primeira fase dos Jogos Olímpicos do Rio, nesta sexta-feira (12). O próximo adversário é Angola, que surpreendeu duas fortes equipes do grupo A nas rodadas iniciais, vencendo de forma bastante convincente Montenegro e Romênia, e conquistando, inclusive, a torcida verde e amarela. Para o Brasil, porém, o desempenho das africanas não é nenhuma novidade e a equipe está encarando o encontro com todo o cuidado que é necessário. A partida está marcada para as 9h30, na Arena do Futuro, e pode garantir definitivamente ao Brasil a classificação para a próxima fase. 

As brasileiras começaram a disputa dos jogos em casa com muita energia. Fizeram dois confrontos espetaculares, vencendo a Noruega e a Romênia, mas não conseguiram conter a Espanha na terceira partida. Agora, o duelo contra Angola pode fazer a equipe dar um passo adiante e seguir um pouco mais tranquila para o encerramento da etapa no domingo contra Montenegro. 

Se para o público e para as equipes europeias Angola causou surpresa, para o Brasil não foi bem assim. O técnico Morten Soubak já tem observado as adversárias africanas há um bom tempo e destaca o crescimento do time. "Com Angola vai ser outro jogão. Talvez para muita gente, Angola possa ser o 'patinho feio', mas não é. Temos consciência que elas já vêm com uma grande equipe. Em Londres ganhamos delas por apenas dois gols. Não foi um jogo fácil. Elas têm um potencial físico muito grande e evoluíram bastante tecnicamente. Vai ser um bom confronto. Se o nosso jogo entrar, vai ser difícil que elas ganhem, mas vamos entrar com muito respeito, com muito pé no chão. É um grande adversário e já mostrou isso nas duas primeiras partidas", disse o treinador. 

No último jogo, contra a Espanha, o aspecto ofensivo do Brasil não funcionou tão bem e, certamente, será nesse fator que a equipe irá focar amanhã. "Temos que nos concentrar e colocar a bola na rede. Temos que buscar isso contra Angola, que foi o que faltou no último jogo", acrescentou Morten.  

A capitã Fabiana Diniz, a Dara, compartilha da opinião do técnico sobre a qualidade do time angolano. "Poucas pessoas apostavam em duas vitórias para Angola. Mas, para mim não é nenhuma surpresa porque elas vêm demonstrando como é o handebol delas. O físico que elas têm, tanto defendendo quanto atacando, deu resultado a elas. Estão dando uma lição para todos nós. Por isso, para mim não é surpresa", afirmou a pivô. 

O grupo do Brasil é o mais equilibrado. Há quatro equipes empatadas com quatro pontos e o que determina as posições, por enquanto, é o saldo de gols. As donas da casa ocupam a liderança, seguidas por Noruega, Espanha, Angola, Romênia e Montenegro. É importante lembrar que nas quartas de final, a competição é disputada no formato de cruzamento olímpico, ou seja, o primeiro colocado do grupo A enfrenta o quarto da chave B e o primeiro do grupo B pega o quarto da chave A. Já o segundo do grupo A joga com o terceiro do B, e o segundo do B enfrenta o terceiro do A. Os vencedores avançam para as semifinais. 

Angola passou a dar medo no handebol feminino apenas na última semana. Antes saco de pancadas, a equipe africana cativou a torcida na Arena do Futuro, durante os Jogos Olímpicos do Rio, a ponto de fazer o Brasil se preocupar para o jogo desta sexta-feira (12), às 9h30, principalmente pela dificuldade como fazer gol em duas goleiras de quase 100 kg. Teresa e Neyde “tapam” o gol com o tamanho avantajado.

As duas ajudaram Angola a se transformar no xodó da torcida. Os gritos de “eu sou angolano com muito orgulho e muito amor” levaram a antiga zebra a bater a Romênia na estreia, quando a goleira Teresa, a Bá, com 1,70 metros e 98 kg, parou os arremessos de Cristina Neagu, a melhor jogadora do mundo. “Ser grande me ajuda. É importante esse tamanho. A minha forma favorece a fazer os movimentos”, afirmou a goleira.

Tímida e assustada com o sucesso no Brasil, Bá não liga de falar sobre o peso. “Não pretendo emagrecer. Talvez um bocadinho só”, disse, com um forte sotaque aportuguesado. Angola tem campanha idêntica à do Brasil no torneio olímpico, com duas vitórias nas primeiras rodadas e uma derrota na última. “Vamos precisar de muita concentração para enfrentar o time da casa. Quem sabe a torcida vai estar dividida e nos apoiar”, comentou a jogadora.

A reserva imediata de Bá tem tipo físico parecido. Neyde também tenta “preencher” o espaço do gol com 1,80 metros e 87 kg. Foi ela quem atuou por mais tempo na última quarta-feira, na derrota angolana para a bicampeã olímpica Noruega. Em uma modalidade na qual sofrer gol é praticamente inevitável, conseguir defender 35% dos ataques já é digno de elogios.

“Não tenho problema nenhum para falar do tamanho do meu corpo, pois ele ajuda muito, principalmente quando abro os braços”, disse Neyde, com uma autêntica despretensão. Ela se sentiu um autêntico ídolo ao ouvir seu nome gritado inúmeras vezes pela torcida. “Isso é maravilhoso, nunca pensei que seria uma estrela”, divertiu-se Neyde que, na derrota para a Noruega (20 a 30), não se cansou de brincar com a torcida na arquibancada a cada defesa realizada.

SURPRESA

A colega de posição das duas, a brasileira Mayssa, reconheceu que será difícil fazer gol. “Angola é a grande surpresa da competição. Goleiras gordinhas ocupam mais espaço. Fica difícil marcar porque esconde o gol. A Bá também demonstrou ter muito reflexo e agilidade”, disse ela, que tem 1,80 metros e 66 kg.

O ataque do Brasil penou na derrota para a Espanha, na última quarta-feira, e sabe que terá de achar uma brecha para vazar as goleiras angolas. “O time delas é a surpresa da Olimpíada. Se jogarmos mal de novo, não vai dar”, afirmou Dani Piedade. Após o confronto contra as africanas, a equipe vai encerrar a participação na fase de grupos contra Montenegro, no domingo.

Para enfrentar o Brasil, o técnico angolano Filipe de Carvalho Cruz pretende ter longas conversas com a equipe. É preciso ter uma boa dose de cautela, acredita. “Até aqui, a torcida estava a nosso favor, o que ajudou muito. Agora, contra o Brasil, acho até que a simpatia vai continuar, teremos um ginásio dividido, mas vão torcer para a nossa derrota”, disse o treinador.

Tabela e resultado do grupo A

Sábado (6)
Brasil 31 x 28 Noruega
Montenegro 19 x 25 Espanha 
Romênia 19 x 23 Angola 

Segunda-feira (8)
Espanha 24 x 27 Noruega 
Brasil 26 x 13 Romênia
Angola 27 x 25 Montenegro 

Quarta-feira (10)
Brasil 24 x 29 Espanha
Romênia 25 x 21 Montenegro 
Noruega 30 x 20 Angola 

Sexta-feira (12)
9h30 - Brasil x Angola
14h40 - Romênia x Espanha 
16h40 - Montenegro x Noruega 

Domingo (14)
9h30 - Brasil x Montenegro
16h40 - Noruega x Romênia 
19h50 - Espanha x Angola 

Seleção Feminina

Goleiras - Bárbara Arenhart "Babi" (Vaci-Hungria) e Mayssa Pessoa (Vardar-Macedônia).

Armadoras - Deonise Fachinello (Odense-Dinamarca), Eduarda Amorim "Duda" (Gyor Audi ETO-Hungria) e Mayara Moura (Pinheiros-SP). 

Centrais - Ana Paula Rodrigues (Bucareste-Romênia) e Francielle da Rocha "Fran" (Vegus/Guarulhos-SP).

Pontas - Alexandra Nascimento "Alê" (Vaci-Hungria), Fernanda França (Bietgheim-Alemanha), Jéssica Quintino (Odense-Dinamarca) e Samira Rocha (OGC Nice-França).

Pivôs - Daniela Piedade "Dani" (Fehervar FKC-Hungria), Fabiana Diniz 'Dara' (Bietgheim-Alemanha) e Tamires Morena (Dijon-França).

Com informações da CBHh

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