No meio da crise, tinha uma caixa de engraxate

Causa estranheza àqueles que visitam meu escritório ver uma caixa de engraxate, objeto que guardo como lembrança da minha infância. Eram tempos difíceis, e eu saía às ruas lustrando sapatos para aumentar o orçamento da família. Ela está ali diariamente a me lembrar que as dificuldades sempre vão existir, mas que podemos superá-las.

Vez por outra, quando a crise econômica nos surpreende, eu olho para a caixa e lembro que no mundo dos negócios, e em televisão, não é diferente, só é possível sobreviver com boas doses de otimismo e determinação. O empresariado brasileiro sabe disso melhor do que ninguém.

Curiosamente, nasci poucos dias depois do primeiro aniversário da chegada da TV ao Brasil. São mais de 50 anos vivendo o crescimento da televisão e as transformações do país, com todos os altos e baixos de uma economia que nos desafia.

Vivi o suficiente para saber que nas crises é possível crescer, que elas nos fortalecem. Talvez por isso a televisão brasileira seja considerada uma das melhores do mundo. Nossa criatividade está acima das oscilações do mercado.

É tempo de olhar para o futuro, e falando diretamente sobre televisão, as perspectivas são animadoras. Claro que não basta ter otimismo, é preciso planejamento e coragem para continuar a investir. Na Record, assim como fizemos em 2008, nós decidimos não participar dessa onda de pessimismo. Brincamos que aqui a nossa crise não tem o “s”, a solução é “crie”!

Não há razão para paralisar os negócios. Investimos em parcerias que estão mudando a forma de fazer TV no Brasil. Cortamos custos e ganhamos qualidade. E se o mercado publicitário está reticente, é hora de negociar, flexibilizar e oferecer produtos irresistíveis.

Em 2016, a Record, por exemplo, estreou novelas e realities e estará nas Olimpíadas. Em agosto, entra no ar o talk-show com Fábio Porchat e nosso jornalismo não para de ganhar prêmios! Nosso recado ao mercado é claro: trabalhamos para voltar a crescer. Não é uma missão impossível, como mostram os números.

A TV ainda é o veículo mais poderoso do país e não perdeu espaço com a internet. Uma pesquisa do Sesc realizada em 2014 mostrou que 62% dos brasileiros só assistem a canais abertos. Não por acaso, o veículo recebeu 53% das receitas de publicidade em 2015, segundo o Kantar Ibope Media.

E se o telespectador tem menos dinheiro no bolso, nem isso nos desanima. Porque historicamente nesses momentos a audiência aumenta consideravelmente. A conquista por esse público que busca um lazer mais barato em frente à TV é a garantia de sucesso nos negócios.

A receita está pronta e nós seguimos à risca todos os passos. Nos seis primeiros meses de 2016, segundo dados do Kantar Ibope Media, a Record foi a emissora que mais cresceu na média dia (7 horas à meia-noite), com um aumento de audiência de 17% no Painel Nacional de Televisão (PNT). Eu vejo esses números, olho de novo para minha caixa de engraxate e me pergunto: mas não tinha uma crise no meio do caminho?

Walter Zagari

Vice-presidente comercial da Rede Record

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