Banca do Japonês- Homenagem aos jornaleiros

João Baptista Herkenhoff

Juiz de Direito aposentado (ES), escritor e palestrante Brasil afora

Quanto bem fizeram ao Brasil os japoneses e outros imigrantes, como os alemães, onde encontro minhas origens.

Sempre fui freguês da Banca do Japonês, na Praia do Canto, em Vitória. Mas depois que mudei da Praia do Canto para a Praia da Costa, deixei de ser frequentador diário.

Mas é lá que continuei comprando algumas publicações ausentes das bancas em geral.

Sempre vi o senhor Flávio e sua esposa Dona Lourdes como um casal paradigma, em matéria de amor ao trabalho.

Os dois faleceram. A filha Carla continua mantendo a tradição e o nome glorioso – Banca do Japonês.

A “Banca do Japonês” é um exemplo da chamada “pequena empresa”, esta que, a meu ver, é a mais importante para o futuro do Brasil.

A pequena empresa assegura a distribuição da riqueza.  Sua ampla difusão é muito mais relevante do que o ilusório crescimento do Produto Interno Bruto.

De que vale um imenso PIB nas mãos de poucos ou nas mãos de empresas estrangeiras?

Gosto de ler jornais.  Nos dias úteis, quase sempre só dá tempo para a leitura dos locais. Nos sábados e domingos, os locais e os nacionais.  Gosto também das revistas e jornais alternativos, ainda indispensáveis, mesmo nestes tempos em que há liberdade de imprensa.

Não tenho o hábito de ler jornal pela Internet.  Acesso alguns, criteriosamente escolhidos. Mas nada substitui o prazer de pegar o papel, sentir o cheiro da tinta, dobrar o jornal, virar as páginas ouvindo o doce ruído do manuseio. Sou, decididamente, um apaixonado por jornais.

Vejo um pouco de televisão, quase sempre de pé, em posição defensiva. Na televisão, quem indica a importância ou irrelevância da matéria é o editor. Cinco minutos para um tema que não me interessa. Cinco segundos para um assunto que me desperta a máxima atenção.

No jornal, eu sou dono do meu interesse.  Posso desprezar a manchete de primeira página, em letras garrafais, e ler, cuidadosamente, um artigo ou uma nota não destacada da quinta página. E o mais interessante: posso interromper a leitura, levantar-me e dizer a minha mulher. Olhe aqui, veja isto, vou ler alto para você.

Nós não poderíamos ter acesso aos jornais, se não houvesse a figura do jornaleiro.

Os jornalistas escrevem os jornais, os gráficos imprimem, um mundo de profissionais trabalha para que tenhamos nossos jornais circulando. Pessoas foram presas, mortas ou torturadas para salvaguardar a liberdade de imprensa.

Tudo seria incompleto se não houvesse o toque humano e direto do jornaleiro. Jornais e revistas aproximam-se do público, conquistam seu interesse e simpatia pelas mãos dos jornaleiros.

Sem jornais livres, não se faz História.  Sem jornaleiros os jornais não circulam.

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