Reconhecimento: estímulo à liderança

À frente de um dos maiores grupos empresariais do Espírito Santo, Americo Buaiz Filho traz em sua essência o perfil da liderança. A solidez das decisões aliada à visão de futuro permitiu que o Grupo Buaiz, após 77 anos de história, fortalecesse sua atuação em terras capixabas, gerando oportunidades e renda para o estado e mostrando aos empresários locais o valor de se empreender em casa. Valorizando as competências de um líder, ele acredita que o reconhecimento é essencial para aqueles que exercem esse papel, que é, ao mesmo tempo, relevante para uma guinada na realidade social brasileira.

A tecnologia tem provocado rupturas em diversos modelos de negócio. Além disso, os intervalos de tempo em que as mudanças ocorrem são cada vez menores. Qual é o papel da liderança em um cenário onde imprevisibilidade parece ser a palavra de ordem?

Os líderes estão à frente de pessoas e processos. Se a velocidade da mudança dos recursos humanos, da forma de fazer e da tecnologia está tão grande, alguém para se manter líder deve se renovar ou se colocar alinhado ao tempo de cada coisa. Se os liderados estão mudando numa velocidade importante, assim como os processos, ou o líder acompanha tudo isso, ou perde a capacidade de liderar.

O senhor sempre teve como filosofia empresarial desenvolver atividades no Espírito Santo, apesar das inúmeras oportunidades para expandir os negócios para outras regiões do país. Por quê?

Por uma crença no Brasil e por acreditar que dentro do nosso país não há lugar com melhores condições de oportunidades para investir como o Espírito Santo. É um estado abençoado pela natureza, pela proximidade com os grandes centros consumidores, que vem crescendo a uma taxa acima da média brasileira e que vem sendo bem governado. Ou seja, que oferece todas as condições de perspectiva para que possamos priorizá-lo como lugar onde investir e crescer.

Assumir riscos, mais ou menos arrojados, faz parte da atividade empresarial. Em meio a tanta turbulência política e econômica, até mesmo calcular os riscos fica quase impossível. Prova disso é a queda no número de investimentos em vários setores. O senhor, como líder de um dos principais grupos empresariais do Espírito Santo, tem ido na contramão desse cenário, por exemplo, com a ampliação da unidade de alimentos. Por quê?

Nossa crença no Brasil e no Espírito Santo, notadamente a longo prazo, é o que nos motiva a manter e ampliar nossos investimentos. Entendemos que uma empresa, ao se posicionar, deve mirar o futuro, pensar em um tempo que esteja além do médio e do curto prazo, para que não se atemorize ou se anime demais com um cenário de curto prazo. Senão, fica ao sabor de rumores políticos e pontuais, que não fazem bem às decisões empresariais. Para ter uma postura empresarial como essa, porém, é preciso que a empresa possua características bem estruturadas, como estar capitalizada e contar com uma boa equipe e capacidade de tomar decisões levando em conta esse tipo de filosofia. É nessa medida que o Grupo Buaiz criou todas as condições para atuar, e assim tem atuado: com base no que acreditamos ao longo do tempo. Estamos no tempo certo para nós, e não na contramão. Nessa medida, temos feito investimentos em todas as áreas do grupo, de modo que possamos colocar a Buaiz Alimentos em um novo patamar empresarial. Assim está sendo na área de alimentos, em que os investimentos recentes permitirão ampliar em 35% nossa capacidade nos próximos três anos. Primeiro, investimos em café e, agora, num novo diagrama da moagem de trigo e na compra de uma nova fábrica de mistura para bolo, além de um novo centro de distribuição, que proporcionou a logística para responder a esse aumento de produção. Na área de comunicação, temos feito investimentos importantes em tecnologia, com a  digitalização de todo o sinal transmitido na Grande Vitória e no interior do estado; na oferta de nova programação, e nas tecnologias e recursos humanos para dotar nossos veículos do melhor conteúdo para oferecer à população capixaba. No Shopping Vitória, por sua vez, direcionamos nossos investimentos às áreas comuns, oferecendo um ambiente agradável para as pessoas que frequentam o estabelecimento. Também investimos pesadamente no seu mix, para dar ao público tudo aquilo que ele deseja, que identificamos por meio de pesquisas qualitativas e das manifestações recebidas através do contato direto com o cliente. Prova disso é a inauguração da nova Área Gourmet e da academia Bodytech. Buscamos esses movimentos que nos colocam de forma competitiva em todas as áreas de atuação do grupo.

O Prêmio Líder Empresarial está completando 18 anos e chega à maioridade mantendo os mesmos princípios do nascedouro: revelar e promover as boas práticas de líderes empresariais no Espírito Santo. O senhor entende que, mais do que em qualquer outro momento, as lideranças empresariais devem inspirar?

Hoje faltam lideranças ao Brasil. Quando as reconhecemos e as revelamos por meio do Prêmio Líder Empresarial, e o fazemos sob critérios de mérito, cumprimos um duplo papel: reconhecer quem tem valor e revelar referências para que a sociedade se parametrize. O Prêmio Líder Empresarial cresceu em sua relevância e importância ao longo destes 18 anos. Isso prova que esse processo de mão dupla é requerido e desejado. A entrega do prêmio é um momento de grande emoção, quando apresentamos à sociedade capixaba aqueles que lideram em cada segmento de atuação.

Há um ano, no auge da crise econômica, o Grupo Buaiz se aproximou ainda mais do terceiro setor e decidiu criar o Instituto Americo Buaiz. Por quê?

O Brasil está muito carente de políticas públicas, e são muitas as demandas da sociedade. O empresário deve sair de sua caixa e parar de pensar somente em gerar lucros para si mesmo e seus acionistas para contribuir de uma forma muito concreta com causas que sejam nobres, justas, meritórias e que dependem do apoio privado. Em algum momento, teremos que chamar o líder de empresarial e social. Não consigo enxergar as coisas de forma separadas. Nunca ficou tão evidente que um líder empresarial não é um líder completo se não cumprir também um papel social.

As empresas do grupo têm se destacado como líderes nas suas respectivas áreas. Há cerca de um mês, o Shopping Vitória recebeu o prêmio de “Melhor lugar para se trabalhar”, e a TV Vitória foi eleita, pela quinta vez, “Melhor TV regional do Brasil”. O senhor se sente realizado como empresário?

Percebo o reconhecimento como um aval da sociedade, da comunidade em que estamos inseridos, de que estamos fazendo a coisa certa, caminhando numa boa direção. Nossa trajetória tem mérito exatamente porque contempla todas as mudanças do nosso tempo, as enfrenta com propostas inovadoras, e ainda assim humanas, e faz o trabalho social de que o Brasil tanto precisa. O Prêmio Líder Empresarial foi constituído por sabermos da importância do reconhecimento, e não sou exceção a isso. Certamente, me sinto realizado.

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Americo Buaiz Filho
Presidente do Grupo Buaiz

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