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Água de braço da Billings vai socorrer bairros de São Paulo

São Paulo - O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta segunda-feira, 21, o uso de um terceiro manancial para abastecer bairros da capital atendidos pelo Sistema Cantareira. Segundo fontes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a partir de setembro, serão revertidos 500 litros de água por segundo do Sistema Rio Grande - um braço da Represa Billings, que abastece três cidades do ABC paulista. Alckmin confirmou também que vai cobrar multa de quem aumentar o consumo de água. A medida começa em maio.

Desde o início da crise no Cantareira, em janeiro, a Sabesp tem remanejado água dos Sistemas Guarapiranga e Alto Tietê para cerca de 1,6 milhão de clientes da capital que eram atendidos pelo principal manancial paulista. "Vai entrar também daqui a alguns meses o Rio Grande. Vamos substituindo várias áreas por outros sistemas", disse Alckmin durante entrega de obras e liberação de recursos na região de Franca, no interior.

O volume de água é suficiente para abastecer 150 mil habitantes. Ontem, o nível do Cantareira voltou a cair e atingiu 12% de sua capacidade, a menor marca da história.

O Sistema Rio Grande abastece cerca de 1,6 milhão de habitantes de Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema - 7% da população da Grande São Paulo. Ontem, o sistema estava com 95,6% da capacidade. O volume de água produzido pelo Rio Grande, cerca de 4,8 mil litros por segundo, é bem menor do que o do Cantareira (33 mil litros), Alto Tietê (15 mil litros) e Guarapiranga (14 mil litros). Esses três sistemas abastecem, respectivamente, 47,3%, 17,2% e 19,8% da Grande São Paulo.

Segundo a Sabesp, o Alto Tietê passou a abastecer os bairros da Penha, Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Vila Formosa e Carrão, todos na zona leste. A Represa do Guarapiranga socorreu os bairros Jabaquara, Vila Olímpia, Brooklin e Pinheiros, nas zonas sul e oeste da capital.

A companhia alega que são as "manobras operacionais" para fazer o remanejamento na rede que estão provocando falta d’água em São Paulo, em especial à noite, quando a pressão foi reduzida em 75%, conforme o Estado revelou na semana passada. Para a Prefeitura, a medida significa racionamento noturno. A Sabesp nega. A região sudeste, que receberá água do Rio Grande, inclui bairros como Ipiranga e Sacomã, no limite com o ABC.

Multa

Segundo o governador, a partir do próximo mês, os cerca de 17 milhões de moradores da Grande São Paulo abastecidos pela Sabesp poderão ser multados caso aumentem o consumo de água. Para Alckmin, a medida complementa o plano de bônus da companhia que dá desconto de 30% para quem economizar ao menos 20%. "Vamos estabelecer o ônus para quem gastar mais água", confirmou o governador. A punição vai obedecer à lógica inversa ao bônus: multa de 30% para quem gastar 20% a mais. Mesmo com as novas ações previstas, Alckmin voltou a afirmar que o racionamento de água generalizado não está descartado. "Se for necessário, será feito", disse.

Na semana passada, o comitê anticrise que monitora o Cantareira recomendou que a Sabesp se planeje para captar menos água do manancial a partir de maio. Quando a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) determinaram a redução do volume retirado do sistema, em março, a Sabesp cortou em 15% a quantidade de água vendida no atacado para São Caetano e Guarulhos. Este último decretou rodízio oficial.

Tarifa

Alckmin negou caráter eleitoreiro no adiamento do reajuste de 5,4% na conta de água da Sabesp. A medida foi autorizada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) e poderia ser aplicada a partir do dia 11 de maio. "Isso não tem nada a ver com reeleição", afirmou o tucano, que tentará se manter no cargo nas eleições de outubro.

Em nota aos investidores, a Sabesp informou que vai adotar o aumento "em data oportuna até dezembro" e anunciou corte de R$ 900 milhões no orçamento deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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