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Universidades federais sofrem com obras inacabadas

São Paulo - As universidades federais ultrapassaram em 2013 pela primeira vez a marca de 1 milhão de matrículas. Dados preliminares do Censo da Educação Superior do ano passado, obtidos com exclusividade pelo jornal "O Estado de S. Paulo", mostram salto de 23% nas matrículas em comparação a 2012.

Desde 2003, o volume de matrículas dobrou, principalmente por causa do programa de expansão lançado em 2007. Entretanto, o número de professores não cresceu na mesma ordem e quase 30% das obras de infraestrutura ainda não ficaram prontas. As matrículas de 2013 somam vagas presenciais e também na modalidade a distância, responsável por 11% do total. "Ter um milhão de matrículas é uma meta que vínhamos perseguindo", afirmou o ministro da Educação, Henrique Paim.

De acordo com o Ministério da Educação, o número de vagas da rede de universidades federais chegou a 337.356 em 2013. O ano de 2013 foi o primeiro também em que a marca de 100 mil concluintes na rede federal foi ultrapassada, chegando a 103 mil formandos. Em ambos os casos, o ensino a distância está incluído.

A expansão da rede federal teve forte avanço a partir de 2007, quando o governo federal criou o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Quase 20 universidades foram criadas, chegando a 63 neste ano, e mais de 170 novos câmpus foram abertos - muitos em cidades do interior.

As obras de infraestrutura, entretanto, não acompanharam o ritmo da expansão. Dos mais de 3,5 milhões de metros quadrados de construções previstos, 27% ainda não estão finalizados. Cerca de 13% das obras estão ainda em fase de licitação ou paradas (4% do total). A expansão considera 5.008 obras, das quais 73% estão prontas. "O ritmo é compatível com a oferta de vagas e matrículas", defendeu o MEC em nota.

Alunos e professores de vários câmpus reclamam do processo. "Não adianta fazer expansão sem oferecer qualidade, estamos há muitos anos em condições precárias", diz uma professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do câmpus Guarulhos, na Região Metropolitana, que pediu para não ser identificada.

A unidade é um exemplo de como alunos e professores sofreram com problemas de planejamento de obras. Inaugurada em 2007, ainda hoje não tem prédio principal. Depois de vários anos de atraso, as obras começaram no ano passado e as aulas de modo improvisado em um prédio no centro da cidade.

De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Jesualdo Farias, há obras em andamento em praticamente todas as universidades. "É razoável termos 70% de tudo pronto. Mas precisamos pensar em consolidar os câmpus", diz.

As universidades federais consomem por ano R$ 30 bilhões, quase 30% do orçamento do MEC. A pasta não informou o custo previsto para que todas as obras fiquem prontas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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