Política

Ministros da Alemanha defendem sanções contra Rússia

Redação Folha Vitória

Berlim - Os líderes da Alemanha tentaram, durante o fim de semana, preparar o público para as consequências de novas sanções contra a Rússia. A expectativa é que a União Europeia anuncie as novas medidas nos próximos dias.

Ministros do governo de Angela Merkel argumentaram que as sanções contra setores da economia russa são necessárias para a paz na Ucrânia, mesmo ao custo de perda de empregos na Alemanha. "Interesses econômicos não podem ser a principal prioridade de um país. Manter a estabilidade e a paz é uma prioridade principal", afirmou no domingo o ministro de Finanças Wolfgang Schäuble ao jornal Bild am Sonntag. Ele acrescentou que prejudicar a estabilidade e a paz seriam justamente os maiores riscos à economia.

Ontem, a administração de Barack Obama divulgou evidências fotográficas que sugerem disparos de foguetes por forças da Rússia contra a Ucrânia. As imagens, acrescentaram os EUA, também indicam que os separatistas apoiados por Moscou usam armamentos pesados oferecidos pelos russos.

As expectativas por uma nova rodada de sanções cresceram após a queda do voo MH 17 da Malaysia Airlines. O Boeing 777 caiu no leste ucraniano, em área controlada pelos separatistas, e acredita-se que a aeronave tenha sido atingido por um míssil terra-ar.

As sanções contra a Rússia têm sido um assunto sensível na Alemanha porque Moscou é um grande mercado consumidor. Mas, após o acidente, até mesmo conhecidos lobistas da indústria alemã têm anunciado o apoio a sanções mais duras, enquanto grupos da mídia criticaram os políticos europeus por agirem muito lentamente sobre o assunto.

O ministro da Economia e vice-chanceler Sigmar Gabriel disse à revista Der Spiegel que as economias da Alemanha e da Europa sentiriam o impacto de sanções, mas reconheceu que a alternativa seria ainda pior. Em entrevista televisionada no domingo, Gabriel também pediu o congelamento bancário de oligarcas russos na União Europeia. "Nós temos que mostrar a esses bilionários que não há espaço para eles na Europa se apoiarem um governo que permite que a violência continue de modo impiedoso, com esses separatistas loucos obviamente desejando derrubar um avião de passageiros", disse Gabriel.

No ano passado, o comércio internacional entre Rússia e Alemanha alcançou a cifra de US$ 100 bilhões, representando 3,3% das exportações alemãs. Segundo a Câmara do Comércio e da Indústria da Alemanha, cerca de 300 mil empregos dependem diretamente das exportações à Rússia.

Mesmo assim, uma pesquisa publicada pela Der Spiegel no domingo mostrou que 52% dos alemães defendem sanções mais duras contra a Rússia. A revista não especificou a metodologia utilizada.

O ministro de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, também defendeu sanções mais duras, mas lembrou que é preciso levar em conta as preocupações das empresas. Em entrevista à Der Spiegel, ele afirmou que a União Europeia está avaliando medidas que podem ser rapidamente desfeitas caso Moscou se mostre disposto a cooperar. Fonte: Dow Jones Newswires.

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