Viaturas, BME e até helicóptero para cumprir reintegração de posse de terreno na Serra

A Polícia Militar cumpre no final da manhã desta quinta-feira (31) uma decisão da Justiça de reintegração de posse em um terreno localizado no bairro Novo Horizonte, na Serra. Cerca de 100 pessoas, segundo a PM, moram irregularmente no terreno de 16 mil metros quadrados desde o início de 2013.

Homens do Batalhão de Missões Especiais (BME) estiveram desde as 8 horas negociando com os moradores do terreno a saída das famílias que moram no bairro há mais de um ano e meio.

"Esteve aqui a equipe do BME para fazer o relatório de reintegração. Os senhores foram avisados. A reintegração está acontecendo depois que o Oficial de Justiça passou na casa dos senhores e deu o aviso prévio de 30 dias", disse o comandante da operação do BME.

Para a reintegração de posse, a Polícia Militar fechou ruas, utilizou viaturas, cavalos e até um helicóptero. Segundo o BME, trata-se de uma estratégia para garantir o cumprimento do mandado de reintegração de posse da área particular.

A Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp) informou que até as 12 horas nenhum tumulto havia sido registrado e que a operação do BME não tem horário para terminar.

Por volta das 12h30, tratores começavam a demolição das casas construídas irregularmente. Populares chegaram a acompanhar a destruição de casas.

Os moradores serão encaminhados para um centro comunitário do bairro. Porém, de acordo com os ocupantes, no local não há espaço para colocar os móveis das famílias, que estariam sendo colocados em calçadas.

Por volta das 13 horas, uma mulher que morava no local passou mal enquanto via a casa ser demolida e precisou ser atendida pelo Corpo de Bombeiros. Edileuza Silva, de 35 anos, mora no terreno há quatro meses e desmaiou ao ver a casa ser destruída. Edileuza foi encaminhada para o posto de Pronto Atendimento do bairro Novo Horizonte, na Serra.

De acordo com o policial que negociou a saída dos moradores das casas, a prefeitura da Serra foi convidada para dar orientação aos moradores, mas nenhum funcionário apareceu durante a demolição.

Em entrevista para a TV Vitória, o proprietário do terreno, um pastor evangélico, disse que já tinha avisado a comunidade que o terreno é particular. "Desde o início eu entrei na Justiça e hoje foi determinado a reintegração. Eu não tenho interesse de negociar com os moradores. Eu tenho um projeto na área de ação social e eles estão atrapalhando eu fazer esse projeto. Desde o início eu mostrei a eles que o terreno pertence a mim e eles acharam que não tem documento, mesmo tendo escritura", disse o pastor.

Drama durante despejo

Mesmo sem confronto violento dos moradores com a polícia, o despejo de dezenas de famílias de um terreno de 16 mil metros quadrados do bairro Novo Horizonte, na Serra, deixou os moradores desolados. Mais de cem pessoas precisaram deixar o terreno particular que era ocupado irregularmente há um ano e meio.

“É uma situação complicada, mas não tem o que fazer”, diz o soldador desempregado Pedro Alcântara.

A dona de casa Sueli Santos, grávida de sete meses, lamenta a decisão judicial e diz que não tem para onde ir. “Não esperava passar por isso porque já tinha um tempo que estávamos na área. Achei que podia ter minha filha aqui, mas agora não temos nem para onde ir”, conta.

De acordo com informações da prefeitura da Serra, os moradores serão encaminhados para um centro comunitário do bairro Novo Horizonte, onde poderão ficar alojados.