Dono de casa que desabou em Vitória contesta Defesa Civil e diz que não foi orientado a sair

A família que morava na casa que desabou no bairro Caratoíra, em Vitória, durante a forte chuva, na noite da última quinta-feira (30), afirma que não foi orientada pela Defesa Civil do município. O órgão, porém, garante ter sugerido a desocupação. No local, também estavam dois filhos da mulher que foi soterrada.

Ao ver os escombros, o esposo de Simone Ferreira, que ficou soterrada, Rômulo Ferreira, parecia não acreditar no que a força da natureza causou. "Se fosse uma parede mais leve, o desastre seria bem maior", lamentou.

Confira a galeria de fotos com os estragos provocados pelas chuvas no Espírito Santo.

O imóvel havia apresentado problemas durante as chuvas do último domingo (26). Na ocasião, técnicos da prefeitura estiveram no local e, segundo a Defesa Civil, o imóvel foi interditado.

O empresário Valdecir Docci, dono da casa que desabou, confirma que, na ocasião, a Defesa Civil esteve no local. No entanto, ele nega que os técnicos tenham orientado a família a deixar o imóvel.

"Não estava interditado. Se tivesse interditado, nós teríamos um documento e a casa estaria lacrada. Meu funcionário, que estava preso às ferragens saiu no domingo de casa no domingo e retornou na quarta-feira. A Defesa Civil não voltou mais e ninguém imaginava que isso ia acontecer", conta o proprietário. 

O coordenador da Defesa Civil de Vitória rebate. Jonathan Jantorno apresenta o laudo elaborado por um engenheiro civil e um geólogo que aponta a necessidade de desocupação da casa.

"Nós realizamos uma visita no domingo de madrugada e na segunda-feira de manhã. Nós então lacramos o imóvel e pedimos que a família saísse da casa tendo em vista o alto índice de risco de deslizamento da área”, afirma.

Jonathan diz que, inclusive, a família chegou a sair do imóvel. “Nós retiramos a família, porém, ela retornou. É o que não pode acontecer. A partir do momento que informa ao proprietário que a casa está condenada, o morador não pode retornar”, diz.

O dia seguinte

A professora Silvia Sales se emociona ao lembrar o drama da família de Simone Ferreira. “Chovia torrencialmente inundando cada vez mais. Quando nós acabamos de chamar as pessoas, deu um estrondo e houve o deslizamento”, afirma.

As consequências do deslizamento de pedras do Morro do Quadro deixaram transtornado o morador Alan Mattos. “Só não foi pior o desastre porque a casa é forte, caso contrário seria bem avassalador”, conta.

Valdecir Docci trocou o comando das máquinas da gráfica pelo rodo no começo da manhã desta sexta-feira (31). O trabalho era para tentar limpar a sujeira que, à noite, invadiu o depósito da empresa.  “Estou tirando um pouco desse lodo que ficou aqui. Foram mais de dez centímetros de lodo na empresa. Está muito feia a situação”, afirma.

Garis e uma retroescadeira da prefeitura ajudaram na limpeza do terreno. Uma luta para reerguer a empresa da família de Flávia, que está prestes a dar à luz. “Eu não posso passar susto, mas foi um susto muito grande”, diz a dona de casa Flávia Docci.

O deslizamento

O deslizamento aconteceu por volta das 20 horas quando o imóvel foi soterrado por pedras, terra e muito lixo. Uma escavadeira foi acionada para ajudar a retirar o entulho. As crianças foram retiradas dos escombros por moradores vizinhos.

A mãe das crianças, Simone Ferreira, ficou só com o braço de fora, coberta de terra e pedras. A equipe de reportagem da TV Vitória ajudou os trabalhos de resgate da mulher usando equipamentos para iluminar a área atingida.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, a casa, localizada em uma área de risco, estava interditada desde o último domingo (26).

A mulher foi levada com ferimentos para um hospital da Grande Vitória.