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Escassez de alimentos aumenta roubos na Venezuela

Redação Folha Vitória

Caracas - Ladrões e saqueadores estão perseguindo caminhões com carregamentos de comida em cidades da Venezuela, em mais um sinal do agravamento da escassez de produtos que tem tornado alguns itens básicos, como farinha e carne de frango, em cargas cobiçadas. A escassez geral de bens, causada pela restrição na disponibilidade de dólares para importação, piorou desde o ano-novo e a situação fez com que as entregas de alimentos se tornassem cada vez mais arriscadas. Com isso, caminhoneiros decidiram instalar localizadores via satélite nos veículos e, em alguns caso, contratar escolta de empresas particulares.

"Não vou mais transportar comida porque as ruas estão muito perigosas", diz Orlando García, motorista de 37 anos, natural do Estado de Táchira, no oeste da Venezuela. Ele já foi abordado por assaltantes duas vezes enquanto atravessava o país. "Eles colocam pregos na estrada (para estourar os pneus) e quando paramos para trocar o pneu eles atacam você", explicou García. Agora, ele se recusa a trabalhar depois da meia-noite e decidiu transportar apenas itens de plástico.

A mídia local tem noticiado uma série de roubos de comida neste mês em Caracas. Em um deles, quatro homens armados roubaram atum enlatado, farinha de milho e açúcar refinado. "Já me roubaram cinco vezes", conta o caminhoneiro José Alexander Rincón, de 39 anos, também natural de Táchira. "Estou nervoso. É mais perigoso durante o dia, mas não tenho alternativa."

Líderes da indústria e motoristas dizem que a escassez fica evidenciada pelo corte das entregas noturnas, que foram reduzidas pela falta de segurança, de pneus e baterias para caminhões em razão do impacto do controle de divisas e pelo mau estado de conservação das estradas.

Espera

Filas que dão a volta em quarteirões são agora comuns por todo a Venezuela, país exportador de petróleo. Forças da Guarda Nacional foram mobilizadas para manter a ordem, mas a frustração infla rapidamente depois de horas de espera sob o sol. "Tornou-se um problema de segurança trazer caminhões até grandes lojas de supermercado", explica o líder do sindicato venezuelano de caminhoneiros, Arsenio Manzanares. "Isso não costumava ser um problema, mas agora com essas filas, as pessoas veem um caminhão e vão em cima", acrescenta.

A falta de mercadorias leva muitas pessoas a esperar horas em pé ou em redes nas filas até que as lojas sejam abertas. Com o aumento dos protestos e da violência, governadores dos Estados de Falcón, Bolívar e Yaracuy proibiram a formação das filas noturnas. Em alguns lugares, as forças de segurança controlam a entrada das pessoas a partir do número da carteira de identidade.

Complô

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diz que a escassez resulta de uma "guerra econômica" conduzida por "inimigos de direita" que tentam derrubar seu governo. Nesta semana, Maduro anunciou mais uma repressão contra estoquistas e contrabandistas que vendem bens com preços fixados pelo governo para a Colômbia com alta margem de lucro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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