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Congresso do Peru aprova moção de censura contra primeira-ministra Ana Jara

Redação Folha Vitória

Lima - O Congresso do Peru aprovou, na noite de segunda-feira, uma moção de censura à primeira-ministra Ana Jara por seu fracasso em controlar a agência de inteligência do país. A decisão representa um duro golpe para o governo do presidente Ollanta Humala.

Setenta e dois deputados votaram pela saída de Ana Jara, que lidera o gabinete e age como porta-voz oficial do governo. Quarenta e dois deputados votaram contra a medida e dois se abstiveram.

A decisão do Legislativo significa que o presidente Humala tem 72 horas para aceitar a renúncia da primeira-ministra e do restante do gabinete. O presidente pode indicar novamente integrantes do atual gabinete, mas não a pessoa que ocupa do cargo de primeiro-ministro.

A última vez que o Congresso votou a remoção de um premiê foi em 1963.

Durante um longo debate na segunda-feira, vários deputados expressaram irritação com o fato de a agência de espionagem, conhecida pela sigla Dini (Dirección Nacional de Inteligencia), ter passado anos reunindo informações sobre uma vasta gama de peruanos, dentre eles políticos de oposição, jornalistas, líderes empresariais e até mesmo um conhecido chefe de cozinha.

"É uma honra que este Congresso me censure", declarou Ana Jara em mensagem postada em sua conta no Twitter. No início do ano, ela havia entrado em confronto com o Congresso a respeito de acusações de excessos na espionagem doméstica na Dini. Nos últimos dias, ela vinha defendendo firmemente seu histórico como primeira-ministra ao mesmo tempo em que criticou membros da oposição. Ana Jara estava no cargo desde julho do ano passado.

O Congresso decidiu votar a moção de censura a ela depois da publicação da edição de 19 de março da revista Correo Semanal, que divulgou detalhes sobre a suposta espionagem.

Ana Jara rapidamente demitiu o diretor executivo da agência e outros funcionários de alto escalão, mas isso não foi suficiente para aplacar a oposição no Congresso.

Autoridades do governo confirmaram que a agência de espionagem usou arquivos do registro nacional de propriedade, conhecido como Sunarp, para reunir informações sobre propriedades pertencentes a pessoas conhecidas do país. A agência de espionagem tem permissão para reunir informações domésticas de inteligência, mas o escopo amplo dessas atividades irritou muitos políticos de oposição.

A decisão do Congresso significa que Humala terá de procurar um primeiro-ministro que o Legislativo aprove. A popularidade de Huama caiu desde que ele assumiu a presidência. Em março, sua taxa de aprovação estava em 25% segundo o instituto Ipsos Peru. Fonte: Dow Jones Newswires.

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